terça-feira, 22 de novembro de 2011

Superação! O Futebol e o Canto do Ringue!


Após de um longo e tenebroso inverno sem escrever absolutamente nada sobre o bom e velho esporte bretão.  Aproveito esse fim de semana mais ou menos a toa para falar de um lugar sagrado, cruel, milagroso e tenebroso ao mesmo tempo: O famoso Canto do Ringue! Todo lutador que se preze talvez  tenha escutado como primeira lição na academia a seguinte frase: “Nunca, jamais, sob hipótese alguma” seja acuado/levado até as cordas no caso do box ou para as grades do octógono, nessa onda de MMA que vem tomando conta do Brasil. Tal orientação é óbvia, se por um acaso o lutador for parar nesse lugarzinho inglório quer dizer que o mesmo foi dominado, seja por “fórceps” seja por estratégia. E ali meus amigos, é você de costas para a parede, muito provavelmente todo arrebentado por um adversário tecnicamente superior, desgovernado querendo te matar a menos de um metro de distância. Mas o que de interessante tem nesse lugar de domínio absoluto, do massacre, da finalização?  Pergunta você caro leitor desse blog, ou seja lá quem for?  Nesse caso respondo, o interessante nessa brincadeira são as exceções.

Alguns lutadores especiais arrancaram vitórias completamente improváveis saindo dali, é o momento da superação, da vibração, de tirar forças de onde não tem, de aguentar firme pancadas muito fortes, para em seguida apesar de todo esgotamento, principalmente mental tentar dar a volta por cima. Talvez dois nomes me venham a cabeça nesse momento um real e um fictício (já que o cinema também é uma das minhas paixões) . O primeiro é do saudoso Joe Frazier, um dos únicos 3 lutadores a vencer Mohammed Ali, e foi nessa luta épica contra o ((talvez)) maior boxeador de todos os tempos que Frazier mostrou seu valor quando acuado nas cordas em um soco saindo não sei de onde que mandou Ali para a lona.

O segundo exemplo é de uma das maiores referências da minha vida, o maior campeão dos cinemas, Rocky Balboa. Personagem interpretado por Silvester Stallone saído das ruas da Philadelfia era um lutador limitado que através de muito treinamento conseguiu alcançar outro nível de competição a ponto de desafiar o campeão Apollo Creed, e nessa luta contra o mais forte, mais rápido e mais bem preparado lutador Balboa foi acuado, massacrado. Porém movido pelas suas lembranças (das dificuldades de sua vida e da sua bela Adrian) Balboa conseguiu igualar as ações “na raça” e arrancar um empate épico ao fim do longa (desculpem pelos spoilers).

E onde entra o futebol nisso tudo? Assim como nas lutas, a alegoria do canto dos ringue é presente. Talvez o ludopédio seja um dos únicos esportes coletivos que permitam que o mais fraco vença, ou melhor que o time acuado em um tempo ou em uma parte do campeonato dê a volta por cima no segundo tempo, ou no segundo turno quem sabe. Tem também aqueles times que se deixam agredir, jogam defensivamente esperando o momento certo para a estocada final, para o soco que levou Ali às lonas. Me vêm a mente alguns exemplos clássicos. Quem não se lembra da vitória do Liverpool sobre o Milan na final da Champions de 2005. Os rossoneros viraram o primeiro tempo vencendo por 3x0 com uma atuação primorosa do quadrado Shevchenko, Kaka, Crespo e Seedorf. Ao intervalo a torcida dos Red’s mesmo com o jogo perdido cantava o tradicional You Will Never Walk Alone. Do jeito que as coisas aconteciam o mais lógico seria a consolidação da goleada, há época o Milan era o melhor time do mundo e o Liverpool havia chegado àquela final aos trancos e barrancos com vitórias mais no grito da torcida do que qualquer outra coisa. Mas de onde nada se esperava, eis que acontece o milagre. Um empate na segunda metade do jogo, que levou a peleja à disputa por penaltys, onde o goleiro Dudek se transformou no herói da noite ao defender duas cobranças.

Em terras tupiniquins o técnico Cuca vem se tornando PHD em voltas por cima, seu Fluminense em 2009, virtualmente rebaixado pós uma campanha pífia no primeiro turno arrancou incrivelmente na segunda metade do campeonato, com uma campanha de título no segundo turno que culminou com a incrível vitória sobre o Coritiba em um jogo de tensão e muito quebra, quebra no Couto Pereira. Dali do canto do ringue surgiu o apelido: “time de guerreiros” que embalaria o Flu, no ano seguinte para a conquista do Título Nacional.

O mesmo Cuca, em 2010 assumiu um Cruzeiro atordoado pela eliminação na Libertadores na parte intermediária da tabela, num campeonato onde a perspectiva não era das melhores para guiar o time azul (jamais usarei o adjetivo celeste me desculpem) à um vice campeonato. Nesse ano Cuca foi protagonista novamente com uma arrancada, só que dessa no outro lado da lagoa. Muitos comentaristas , inclusive o blogueiro que vos fala já dava como certo o rebaixamento do Galo. O Próprio Cuca teve  um início claudicante com 7 derrotas consecutivas, isso mesmo 7 derrotas! E mesmo assim o improvável aconteceu, o alvinegro a beira de um Knock Out conseguiu sair do canto do Ringue do Brasileirão, principalmente por conta do desempenho como mandante no segundo turno (6 vitórias e 2 empates) e da incrível vitória diante do atual campeão Brasileiro o Fluminense, no Engenhão. O Galo que já havia vivido situação parecida no ano passado conseguiu se safar novamente.

Agora quem está no canto do ringue pronto pra ser massacrado é o Cruzeiro, fato curioso para um clube que nos últimos anos se gabava por sempre fazer campanhas na parte de cima da tabela, mas nesse campeonato está na rabeira lutando contra o Ceará e o Atlético Paranaense na zona do rebaixamento.  Um time sem ataque e sem defesa, dependente da genialidade de um camisa 10 desgastado fisicamente e mentalmente. Será que o time estrelado sai dessa? Ou é nocauteado?

Para fechar esse texto retomo ao começo, nunca se deixe levar ao canto do ringue. As viradas são prováveis, mas não acontecem sempre. Na verdade, na maioria dos casos essa fragilidade é refletida em derrota. Retomando novamente Ali só perdeu 3 vezes em sua carreira, nas outras lutas o mesmo foi dominante e ratificou seu domínio.  Apesar de grandes viradas serem bonitas de se ver, realmente gerarem grandes histórias para serem contadas,  são reflexo de fragilidade física, emocional, tática e até de planejamento. Apesar de atenuarem, elas não encobrem o fato dos times em questão terem sido em certo momento dominados ao ponto de quase irem a lona.


* Nota que um dos motivadores desse texto foi o jornalista e blogueiro Lúcio de Castro da ESPN, que também ja discutiu algumas vezes brilhantemente a metáfora do canto do ringue.

domingo, 21 de agosto de 2011

Desvendando o Código Da Vinci – Uma Análise sobre o Momento do Galo

Partindo do princípio que gambá não consegue sentir o próprio cheiro, evito fazer posts sobre o Galo (meu time do coração), simplesmente para evitar que o coração fale mais do que meu senso crítico. Entretanto essa situação vexatória é emblemática e merece ser discutida, e como atleticano não posso me omitir em uma situação como essa. Segundo ano consecutivo na luta contra o rebaixamento, e se não me engano com uma pontuação inferior ao time de 2010, nessa mesma altura do campeonato. Mas o que está acontecendo? Por que não engrena? O que o time tem de errado? O que a diretoria fez de errado? É meus caros, entender a situação do galo é um processo complexo. Mas vamos lá.


Começarei pelo histórico, entender o Atlético, principalmente a partir do advento do Mineirão, ajuda um pouco na compreensão da atualidade. Desde criança, meu pai me contava várias histórias dos grandes times formados pelo Atlético, de Humberto Ramos, Dadá Maravilha e Lola em 71; Da grande geração de Reinaldo, Cerezo, Eder, Luizinho, na década de 80. O que essas duas grandes gerações tinham em comum? Jogadores brilhantes formados em casa, na velha Vila Olímpica, e alguns forasteiros com o espírito e compromisso com o Atlético. Sem grandes medalhões, o Galo fazia frente aos maiores times do Brasil, tanto que em 71 venceu o Santos do Rei Pelé, e na década de 80 era o maior rival do Flamengo de Zico, Adílio, Junior e Companhia limitada. Só que esses grandes times, seja por azar (Campeonato Brasileiro de 77, vice invicto); competência dos adversários (semifinais de 76 e de 88 contra Inter e Flamengo respectivamente); ou até influência externa, José Roberto Wright que o diga na fatídica Libertadores de 1981, acumularam mais fracassos de que vitórias.

Tais resultados, ao que parece pressionaram as diretorias do Atlético principalmente a partir dos anos 90 a mudar a fórmula, técnicos com relativo sucesso em outras praças, e um caminhão de jogadores que passaram por Belo Horizonte, talvez apenas para conhecer as belas garotas de BH e tomar o dinheiro do Atlético.

A SeleGalo de 1994, é o exemplo clássico. Porém, tanto investimento sem certa sustentabilidade não pode dar certo. O Futebol está sujeito às leis de mercado, se você compra mais do que vende, sua balança ficará sempre pendendo ás dívidas, e se você se esquece do seu celeiro (as categorias de base), a chance de venda com algum lucro fica mais escassa ainda. De 1990 até hoje, o alvinegro não teve um jogador formado na Vila Olímpica ou já no CT que se transformou em titular da seleção brasileira. Outro fator determinante foi que ao mesmo tempo em que o Atlético gastava tubos de dinheiro e aumentava sua dívida nas péssimas gestões de Paulo Cury e Afonso Paulino, o maior rival, o Cruzeiro, vinha em processo oposto, em seu período mais vitorioso, títulos e bons negócios e logicamente com crescimento assustador de sua torcida impulsionada pelo sucesso do time. Mas enfim, não estou aqui para falar de Cruzeiro. Voltemos ao foco do texto.

A partir dos anos 2000, já com os cofres fragilizados, o Atlético viveu o período em que foi administrado pelos banqueiros: Nélio Brant e Ricardo Guimarães respectivamente. Se esperava que esses dois especialistas em gestão dessem um jeito na máquina onerosa que se tornou o Atlético, porém o pior aconteceu, ambos pressionados por resultados tentaram apagar o fogo com gasolina, melhor dizendo com empréstimos milionários.

Se o time obtivesse algum sucesso, ok dinheiro seria pago com vendas de jogadores, mas o pior aconteceu e ambos os presidentes formaram times que não deram retorno financeiro nenhum, o número de causas trabalhistas e de contratos milionários aumentou absurdamente, por consequência a dívida nesse período (exceção aos campeonatos de 1999 e 2001 com Nélio Brant, e 2003 já com Ricardo Guimarães, ambos acompanhados do até então diretor de futebol Alexandre Kalil). Resultado não poderia ser diferente – Segunda Divisão.


A queda obrigou o Galo a enxugar o orçamento, jogadores como Tesser, Chaves, Gedeon, Marinho entre outras babas começaram a figurar entre os titulares, porém era inevitável, o Atlético não tinha dinheiro, e o pouco que restava era destinado  ao término do tão sonhado CT, que seria talvez o primeiro passo para o renascimento, bem como ao pagamento das infindáveis dívidas trabalhistas.


Chega o ano de 2009 com passional Alexandre Kalil (muito mais um torcedor-dirigente do que um dirigente-torcedor), responsável pela formação dos dois últimos times do competitivos do Atlético. Junto dele, um choque de gestão. Diretores demitidos, setor de marketing fechado, esporte especializado terminado. Kalil chegara com a filosofia que todo dinheiro do Atlético teria que ser revertido para o futebol e com boas campanhas ele conseguiria atrair novos investimentos capazes de levar o Atlético ao topo.

Enfim, foi montado um time modesto primeiramente com o técnico Leão no comando que após a derrota no campeonato mineiro foi trocado por Celso Roth. Roth, treinador contestado conseguiu unir os jogadores liderados pelo craque Diego Tardelli de tal maneira que depois de muitos anos, o Atlético liderou o Brasileiro, a apaixonada torcida destruída pelos péssimos resultados dos anos anteriores voltou ao estádio, eram 50.000 no mínimo em todas as partidas. Entretanto, o time esbarrou em suas próprias limitações, e perdeu o fôlego no fim do campeonato. Mas o trabalho foi bom, uma semente havia sido plantada. Esperava-se que Roth pudesse ser mantido para dar sequencia ao projeto que começou, mas em uma atitude intempestiva o presidente demitiu o treinador pelo telefone. E o futebol meus caros, Castiga.  O planejamento de gastos racionais foi jogado pelo ralo com a chegada do técnico mais caro do Brasil, Wanderlei Luxemburgo e toda sua trupe, melhor dizendo: comissão técnica. Jogadores como Obina, Diego Souza, Rever, Daniel Carvalho, Zé Luiz entre outros medalhões foram contratados para se juntar à base do bom time de 2009. Mas deu tudo errado, os deuses ao que parece puniram o Atlético, apesar da vitória no campeonato mineiro, a campanha no Brasileiro foi pífia chegando ao ponto da lanterna e do quase rebaixamento.

Mas ao que parece os Deuses deram mais uma chance ao Galo, que atendia pelo nome de Dorival Jr, o técnico promissor promoveu uma revolução no time que em uma arrancada espetacular conseguiu escapar do rebaixamento. Tudo indicava que com Dorival o Atlético voltaria ás boas, parecia que ia dar tudo certo. O time contava com o bom Renan Ribeiro, goleiro das categorias de base do clube, peça fundamental para fuga do rebaixamento por conta de suas defesas.

Havia montado uma zaga sólida: Leonardo Silva, que fez um bom campeonato pelo Cruzeiro se juntaria a Rever, que foi convocado duas vezes para seleção brasileira por suas boas atuações pelo Atlético; no meio campo o polivalente Richarlyson foi contratado para ajudar Zé Luiz na destruição; na criação Diego Souza que havia chegado fora de forma, teria uma pré-temporada, tinha tudo para ser o líder do time; e na frente o poderoso ataque formado por Diego Tardelli e Obina, teria boas opções no banco de reservas nas figuras do experiente Magno Alves, do velocista Neto Berola e dos bons Wesley e Jobson, um elenco poderoso o bastante para brigar pelo título brasileiro. Mas com o Galo, o que está dando certo tem que dar errado, é incrível. Obina foi liberado ao futebol Chinês, Diego Tardelli foi vendido ao futebol Russo. Diego Souza, Ricardinho, Zé Luiz e Jóbson tiveram problemas disciplinares com o técnico Dorival Jr e  foram afastados do elenco. Moral da história, o esqueleto montado a duras penas em 2010 foi jogado no lixo e um novo time teria que ser montado com o campeonato em andamento.


Em um primeiro momento, jovens valores como Soutto, Giovanni Augusto e Bernard foram promovidos das categorias de base do clube. Os garotos fizeram um bom campeonato mineiro, o Galo encarou o Cruzeiro (versão Barcelona das Américas) de igual e quase saiu campeão (não é Magnata?!). Parecia que o time de garotos, com um plus das novas contratações (atacantes Guilherme e André, e o volante Dudu Cearense) daria conta do recado, mas como posso dizer: Garotos ganham jogos e homens ganham títulos. Um time com Patrick e Guilherme Santos nas laterais, Toró na cabeça da área, Magnata no auge dos seus 34 anos no comando de ataque e um bando de moleques não daria certo, como não deu. Dorival acumulou derrotas pesadas (4x1 Flamengo; 3x0 contra o Inter e 3X0 contra o Ceará em seguida) e consequentemente perdeu a confiança dos jogadores e da torcida, principalmente pela insistência em alguns nomes. A Demissão era questão de tempo, como ocorreu. Cuca, ex-técnico do rival Cruzeiro assumiu o time acumulando 4 derrotas e a volta para zona da degola.


Diferentemente do ano anterior, que o Atlético tinha nomes capazes de reverter a situação de crise, dessa vez a responsabilidade está nas mãos de um técnico depressivo, que em 14 trabalhos só ganhou dois títulos estaduais (1 campeonato Carioca e 1 Campeonato Mineiro) e salvou o Fluminense do Rebaixamento, nos pés de alguns garotos de grande potencial, mas que ainda não estão prontos para tal reponsabilidade, e nos medalhões restantes, diferença que esses não tem perfil de Atlético: Daniel Carvalho, Guilherme, Dudu Cearense, Rever, não tem fibra, não conseguem virar situações difíceis na vibração, como Tardelli, Obina e Diego Souza fizeram no ano anterior. Ou seja, infelizmente se um fato muito extraordinário não acontecer, a segunda divisão é iminente.

Talvez um segundo calvário seja benéfico, para que os dirigentes entendam a importância de um projeto coerente e saudável com as finanças do clube. Entendo que com pelo menos 10 anos de boas administrações possamos voltar às glórias, mas é muito tempo para uma torcida que está a 40 anos esperando um título.

O jeito massa é torcer como sempre torcemos.

sábado, 16 de julho de 2011

Soy Loco por Tí América – Um Continente, Muitos Sentimentos e uma Exceção.


Nesse Sábado, 16 Julho começa a fase a final da Copa América. Competição não tem de longe o glamour, nem a qualidade técnica de uma Euro-Copa, mas talvez pelo fator sentimento, despertado pelos torcedores e transmitido aos jogadores crie uma atmosfera diferente, fabulosa dentro da cancha (Tal relação é semelhante na Copa Libertadores).

As principais seleções concorrentes ao caneco conseguem transmitir aos seus torcedores e a quem acompanha o jogo esse tipo de sensação, cada uma ao seu estilo. Nesse contexto, o objetivo deste pequeno texto é caracterizar as grandes seleções pelo viés sentimental/cultural  que as mesmas carregam.

Começarei pela Seleção Paraguaia.  Um país paupérrimo, arrasado em uma Guerra por querer certa independência, por querer andar com as próprias pernas, pela famigerada igualdade social (é meus caros, essa foi a guerra do Paraguai - incrível pensar assim). Dois séculos se passaram e o país ainda sente reflexos conflito. Porém, a Guerra e os ideais embutidos na mesma, criaram uma sensação de união no povo difícil de dissociar. Tal relação se reflete na manutenção do idioma guarani. Dentro das quatro linhas, principalmente durante a campanha da Copa do Mundo, desde as eliminatórias, a Seleção Paraguaia, formada por jogadores que em suma atuam no futebol Europeu, Argentino e Mexicano decidiram que se comunicariam no idioma de seus ancestrais, dentro de campo abandonariam o espanhol.  Nessa aproximação com o povo, expressada pela língua acabou por gerar duas consequências claras. Em Jogos no Defensores del  Chaco, os Paraguaios são imbatíveis, que o diga a Seleção Brasileira.
 E principalmente, dentro de campo os Paraguaios jogam com uma consistência defensiva exuberante, parece que os jogadores não estão defendendo somente a meta de JustoVillar, mas sim um prato de comida, ou melhor estão defendendo um país. Parece que eles querem dizer que: há dois séculos seus antepassados foram sobrepujados em guerra, mas dentro de campo os adversários terão que suar sangue para bate-los. Tanto que na Copa  do Mundo da África, com certeza absoluta, o jogo mais encardido da Campeã Espanha foi contra os Paraguaios, que sem exagero nenhum poderiam ter saído com uma vitória épica daquelas quartas de final.

Para falar da seleção chilena, recorro à frase do narrador Galvão Bueno: “ o Chile não quer nem saber, vai pra cima”. Desde os tempos de Marcelo Salas e Iván  Zamorano, a seleção Chilena não tem medo do tamanho de seus adversários, ela sempre ataca independentemente.  Diferente da seleção Paraguaia, que por motivos históricos a relação se desencadeou de fora pra dentro, na seleção chilena a relação se deu de dentro para fora. A postura da seleção contagiou o povo.  Um povo fragilizado pelos terremotos que arrasaram parte do país, que encontrou em sua seleção um motivo de ânimo (relação parecida ocorreu nos EUA, entre o time de futebol de Nova Orleans, o New Orleans Saints e a população da cidade, pós o Catrina).  
O mais importante, a atual seleção ajuda e muito tal aproximação.  O time comandado por Claudio Borghi é excelente, a melhor geração chilena de todos os tempos. Aléxis Sánchez,  ponta da Udinese, velocista; exímio driblador e detentor de um chute poderoso é alvo de tiroteio entre os maiores clubes do mundo por sua contratação. O sóbrio volante Arturo Vidal, do Leverkusen e Matias Fernandes, enganche clássico do Sporting de Portugal são a espinha desse time envolvente.

Com Relação à Argentina, irei me ater apenas a história futebolística.  Nossos vizinhos, assim como nós, se gabam de praticar o melhor futebol do mundo. Não estão de todo errados, a escola portenha, caracterizada por um jogo de passes, cadência e muita habilidade, além da velha garra apresentou ao mundo grandes times, bem como grandes craques.  Diego Armando Maradona, o maior deles.
 
Através de atuações esplendorosas, carregando times limitados a suas costas criou uma relação de quase que adoração entre os argentinos.  Com Diego a Argentina venceu a Copa de 86, chegou a final de 90 e abocanhou várias Copas Américas e coincidentemente, desde que o mito pendurou as chuteiras, a Argentina vive um jejum de grandes conquistas e viu seu maior rival, o Brasil, ganhar duas Copas do Mundo e  Duas Copas das Confederações e Quatro Copas América. Porém os argentinos tem uma nova esperança, um gênio, que aos 24 anos já foi escolhido por 3 vezes melhor jogador do mundo, já venceu duas Champions League e é de longe o melhor jogador do planeta, Lionel Messi. A mística camisa 10 voltou, e o moral do argentino voltou junto desse símbolo.


Por fim o Uruguai. País de pouco mais de 2 milhões de habitantes, com pirâmide etária invertida, ou seja proporção menor de jovens  e consequentemente falta de “pé de obra qualificado”. Mas os Uruguaios tem tradição, de duas Copas do Mundo e duas Olimpíadas. Tradição essa que vinha se perdendo com uma sucessão de fracassos, maior deles a derrota na qualificação para a Copa do Mundo de 2006, resultado vexatório contra a fraca Austrália. Algo tinha que ser feito, e o revolucionário da vez atende pelo nome de Oscar Tabárez, técnico que assumiu não só a seleção principal, como a coordenação de todas as seleções, desde a sub-15. Tabárez implantou uma filosofia pautada em três pontos principais.
No garimpo de jogadores, um peneiraço foi realizado no Uruguai; Na educação dos mesmos, não adianta formar só atletas, teriam que formar homens; e no entendimento do que eles representam  -  a Celeste, não é só uma seleção de futebol, mas a camisa é o símbolo de superação de um pequeno país, que desde as olimpíadas de 24 e 28 sempre disputou de igual para igual com as potências do futebol, revertendo qualquer prognóstico. A brilhante campanha na última Copa, o quarto lugar e talvez uma das vitórias mais impossíveis que o futebol já viu naquelas quartas de final contra Gana, ratificaram o bom trabalho. O “sí se puede”, e o “Vamos que Vamos”, viraram bordões nacionais e a camisa Celeste ressuscitou juntamente com o orgulho dos Uruguaios.

Como o próprio título do texto já diz no quesito sentimento existe uma exceção, e infelizmente é a seleção brasileira. Por conta da soberba da Confederação Brasileira de Futebol e de seu presidente, a seleção desde a conquista da Copa de 2002 e a dissolução da família Scolari, vem se distanciando cada vez mais do povo brasileiro, apaixonado por futebol. A seleção joga cada vez menos em solo nacional (o Brasil faz mais jogos em Londres do que no Rio de Janeiro, São Paulo ou em Belo Horizonte – isso é inadmissível!), e quando joga, o preço do ingresso, sempre salgado, acaba afastando de vez o grande público, as massas. Aqueles torcedores que de fato respiram futebol e acima de tudo, aprenderam a venerar a seleção. O ambiente de jogo fica repleto de torcedores de ocasião, de endinheirados que encaram a seleção como símbolo de ascensão social ou coisa do tipo, tornando o estádio insosso e pouco representativo.  Os jogadores cada vez menos interessados em atuar pela seleção tem culpa nisso também, o Brasil jogou e venceu as duas últimas Copas América com times reservas, sem as grandes estrelas. O rótulo de seleção mercenária cresce cada vez mais no imaginário popular. E com preocupação que venho escutando que o torcedor de verdade se preocupa mais com seu clube do coração do que com a seleção brasileira, ou seleção da CBF, como muito bem caracterizou o jornalista Mauro Cesar Pereira da ESPN. Na história o Brasil não tem muitos personagens que se transformaram em símbolos nacionais. E o futebol principalmente nos anos 50/60 serviu como um catalisador para o orgulho nacional. Pelé, Garrincha, Zico, Falcão, Romário e Ronaldo, entre outros craques, são heróis de uma nação. A camisa amarela sempre foi orgulho para o brasileiro, e isso está se PERDENDO.  
Enfim, é triste ver os vizinhos com seleções que de fato representam as respectivas nações e a nossa por motivos torpes de uma administração questionável, de um presidente que tem muito mais contras do que prós, arriscar a jogar toda uma história no lixo. Jogar a relação da seleção brasileira com o povo no lixo. E isso meus caros, é grave e pode ser fatal para o nosso futebol em longo prazo.


sexta-feira, 3 de junho de 2011

O Uruguai e A Existência Divina, Duas Estórias Escritas nas Estrelas


Em uma época de sua vida, o saudoso José Saramago uma vez disse: ”Eu sou um quase ateu que sempre procurou a existência de Deus, mas nunca a encontrou”, como o mestre eu também, em uma fase da minha vida era um quase ateu, mas em junho do ano passado, mais especificamente na Cidade do Cabo, em um jogo de Quartas de Final de Copa do Mundo, eu enfim encontrei a presença do criador. Era Uruguai e Gana, jogo pegado, sem prognóstico, os africanos dominavam a partida e tinham em A. Gyan, seu principal jogador, com chutes fortes e muita, mas muita movimentação. Ao final do primeiro tempo em um balaço de Muntari,  Gana abriu o placar, era de fato justo, os africanos dominavam. Entretanto, chega o segundo tempo, mais exatamente aos 9 min, falta na entrada da área, me lembro claramente do momento em que eu, mais dois amigos (Pedro e o Betim) assistíamos o jogo no auditório da FACE junto de um grupo de ganeses e ao olhar para Diego Forlan, disse aos dois que estava sentindo cheiro de gol, dito e feito, meu sexto sentido já anunciava que o sobrenatural atuaria mais uma vez.

 Voltando ao jogo e ao segundo tempo, Gana retomou o expediente, eram jogadores mais fortes tinham mais fôlego, a medida que o tempo passava as pernas uruguaias ficavam cada vez mais pesadas e a pressão aumentava, o jogo ia se arrastando e as chances africanas aumentando se passaram, 30, 40 45min – e o jogo iria para o drama da prorrogação. Bem, e foi no extra-time que aconteceu o milagre. Bola cruzada, bate-rebate Gyan cabeceia, a bola vai entrando, mas, com mãos de gato, ou melhor, com as mãos de Deus, Luizito Soares em um gesto para uns rabugentos anti-desportivo e para o autor que vos escreve e a grande maioria dos amantes do esporte, um gesto de puro heroísmo. Mas enfim, o gol havia sido evitado, mas a que preço?? Era um penalty, que resultou na expulsão de uma peça chave do ataque uruguaio. Se o gol se convertesse a chance de reação era mínima, em quem iria bater era aquele que mais merecia o gol – A. Gyan – o mais bravo dos africanos, aquele que mais tentou e por sorte ou competência foi parado por Muslera, pelos defensores celestes e pelo próprio Luizito.

Foi o sopro divino, a bola subiu pra longe do gol e a classificação inédita dos sofridos africanos para uma semi-final de Copa do Mundo foi adiada, posteriormente nas cobranças de penaltys, já com o emocional fragilizado os ganeses sucumbiram e Abreu na ultima cobrança em um sinal claro de LOUCURA, cavou, ou melhor CRAVOU O NOME DOS URUGUAIOS EM UMA DAS PÁGINAS MAIS BONITAS DA HISTÓRIA DO ESPORTE. Algo de sobrenatural faria os celestes avançarem, eu reputo a Deus, alguns reputam a camisa Bi Campeã Olímpica e Bi Campeã do Mundo, aquela capaz de calar um Maracanã com 200.000 vozes. Bom esse foi o primeiro indício.

O Segundo aconteceu nessa noite de quinta-feira (2/6/2011), agora sexta. Copa Libertadores da América, o Peñarol, coincidentemente uma equipe Uruguaia, diferente da sua seleção que tem bons valores, possui um plantel limitadíssimo, todavia em termos de tradição são 5 Libertadores, 3 mundiais e mais de 40 títulos uruguaios, venhamos e convenhamos é a camisa mais pesada das américas. Voltando à campanha Carbonera, o time Uruguaio se classificou como terceiro pior segundo colocado, marcando apenas 9 pontos em um grupo com os argentinos Independiente, e Godoy Cruz, juntamente com a LDU de Quito. Nas oitavas de final jogou contra o Inter de Porto Alegre, um dos favoritos a competição, empatou em casa 1 a 1 resultado péssimo, virou o primeiro tempo perdendo de por 1 x0 até que magicamente nos 10 primeiros minutos do segundo tempo, alcançou o que parecia inalcançável – a virada. Nas quartas, seu adversário foi a Universidade Católica do Chile,primeiro jogo uma vitória por 2x0, tudo parecia tranqüilo, mas na volta os chilenos igualaram a partida, porém em um lance fortuito aos 35 min do segundo tempo Estoienoff fez o gol da classificação. Já eram duas fases que a sorte bafejara aos uruguaios. Eis que o próximo adversário era o Velez, da Argentina, time que havia apresentado melhor futebol na fase de grupos e nos mata-matas, o primeiro jogo em Montevidéu, vitória Uruguaia, mas com domínio total do Velez, com direito a bolas na trave, defesas do goleiro Sosa e o principal detalhe, o melhor jogador argentino – Maximiliano Moralez, não havia jogado. Em tese na volta os argentinos tinham tudo para trucidar o Peñarol como trucidaram todos seus adversários.
Mas a história do jogo não foi bem assim, primeiro tempo de domínio argentino, com Santiago Silva, o uruguaio que atua no comando de ataque argentino como homem mais perigoso, com muita raça, vários chutes a gol e presença, muita presença de área – lembra um certo africano que jogou contra uma certa seleção uruguaia a exatamente 1 ano. Porém em uma investida pontual e certeira o camisa 10 Martinuccio, aos 33 min deixa o limitado Mier, cara a cara com Barovero, o uruguaio domina ma,l mas consegue chutar por baixo do arqueiro argentino – 1x0 Carboneros.

 Os Uruguaios pareciam dominar o restante da partida, contendo a desorganizada pressão argentina, mas no último lance do primeiro tempo em jogada ensaiada em uma falta lateral, Zapata casquinhou no primeiro poste, Sosa rebateu a bola como um libero de vôlei, mas o volante Tobio estava ali, e como um raio em noite de tempestade empurrou a bola pra dentro, 1x1 – era tudo que o Velez desejava, ir para o vestiário com resultado igual. Começa o segundo tempo do jeito que terminou o primeiro, pressão do Velez, o Peñarol se defendia como dava e tentava em estocadas pontuais, até que numa delas, Martinuccio arranca livre pela direita, 2 contra 2 rola a bola com açúcar e com afeto para o centro-avante Moralez, em um lance até parecido com o primeiro gol, porém para a infelicidade dos uruguaios com desfecho diferente, o Delanteiro Uruguaio manda a bola por cima num gol mais do que feito. São esses lances que os Deuses do futebol castigam, e eles não demoraram tiro de meta cobrado rapidamente, Álvarez avança pela direita do ataque do Velez, toca dentro da área para o bom Martínez que ajeita para o homem do Jogo, Santiado Silva, em um chute seco virar a partida e transformar o Amalfitani em um caldeirão fervente. Tudo a favor do Velez, até que em um lance besta, uma entrada ríspida sobre Martinuccio resultou na expulsão do zagueiro Ortíz, um banho de água fria para os argentinos, que nem por isso desistiram, não podiam desistir a força que vinha das arquibancadas era grande demais, o barulho ensurdecedor, o grito da torcida suprira a falta do defensor expulso. Até que aos 30 min o inusitado, Martinez avança pela direita contra dois marcadores, lance parecia morto, mas o argentino descolou um elástico que fora rechaçado, mas no bate-rebate a bola acabou pipocando na área, houve a queda, silêncio no estádio. Penalty para o Velez, todo suor se transformaria em lágrimas, o time inferiorizado numericamente, mas embalado por sua apaixonada torcida tinha a chance da justíssima classificação, e justamente nos pés dele – Santiago Silva – o autor do gol da virada e melhor em campo, artilheiro do Velez na temporada e uma das referências do time. Bom, é até meio difícil descrever mas, olhar confiante – um tigre prestes a dar o bote – o atacante corre para bola, o goleiro claramente evidencia o canto em que vai saltar, Santiago percebe, mas centímetros antes de chegar a bola, o mesmo escorrega e a bola novamente foi “soprada” para fora, o resultado se manteve, e novamente atribuo a Deus tal feito, o Peñarol está na final da Libertadores.
Depois de hoje, no caso ontem, ratifiquei a existência de Deus e, pasme CARO LEITOR, ele é URUGUAIO.

sábado, 28 de maio de 2011

A Classe de 92 e o Fim de uma Era



Depois de um longo e tenebroso inverno sem publicações, volto nesse dia especial – de final de UEFA CHAMPIONS LEAGUE. Peço licença aos torcedores e admiradores do Barça que  acompanham esse blog, mas o time catalão já foi esmiuçado mais de uma vez. Esse post, tem mais a conotação de uma homenagem, a uma era que se acaba, a era dos anos 90 e uma geração de jogadores inesquecíveis, representada nessa final de UCL, pelos remanescentes da Classe de 92, geração de ouro promovida das categorias de base de Old Trafford, nomes como David Beckham, Ryan Giggs, Paul Scholes, Butt e os irmãos Neuville que elevaram a equipe de Manchester a um patamar diferente tanto em escala nacional, quanto em uma escala continental.

Nesses 20 anos de Fergunson, alguns craques passaram por Manchester, principalmente nos anos 90. O jovem David Beckham, talvez em certa época, o passe mais preciso do mundo; O paredão Peter Schmeichel, o melhor goleiro que vi; o incansável Roy Keane e o interminável Ryan Giggs, titular em 1992, junto com seus jovens companheiros; titular em 1999 na virada contra o Bayern, titular em 1997 na decisão da Europa contra o Chelsea e titular nessa decisão de 2011. Ah, já ia me esquecendo, tinha também o Cantona, centro-avante clássico, toque refinado e maravilhosos gols.

Dentre os adversários dos Devils, destaco o Arsenal imbatível e Denis Bergkamp; contra os Devils, Oliver Kahn foi batido em final de Champions League; a época que o Chelsea era apenas um modesto time da zona oeste de Londres, e freguês do Manchester, havia Gianfranco Zola; na Itália, Del Piero e Zizou na Juve, Maldini desfilava em San Ciro, enquanto a Toscana vibrava com Batistuta e a Viola de Florença. O Barcelona, adversário de hoje contava com Romário, Stoichkov e Rivaldo, de Madri o ainda sobrevivente Raul. O La Coruña era forte, com Bebeto, Djalminha e Mauro Silva, ameaçava os dois gigantes.

Com o Atlético (Galo),  meu pai me ensinou a torcer, a sofrer e amar um clube, uma relação meio religiosa, até um pouco ideológica – todos temos esse tipo de afeto. Mas, foram esses jogadores da geração 90, representados no time de Old Trafford nessa final que me ensinaram a amar o esporte, a essência do jogo, o futebol bem jogado.
Assim termino com um profundo agradecimento à Classe de 92, bem como todos os craques que desfilaram nos anos 90. Vemos hoje uma passagem de bastão do protagonismo do futebol, uma geração que brilhou em 20 anos entrega para uma que brilhará nos próximos 20, personificada no craque Messi.









sábado, 16 de abril de 2011

O Melhor Time de Todos os Tempos da Última Semana

Desde a última quarta-feira, Belo Horizonte tem experimentado um clima de oba-oba além da conta por parte da torcida do Cruzeiro. Ok, terminar como melhor equipe da fase de grupos da Libertadores é um feito grandioso, mas daí a afirmar que o mesmo é o melhor time das Américas é no mínimo inocente, pra não dizer uma tremenda imbecilidade.
Por que uma  tremenda imbecilidade? É simples, o Cruzeiro nesses quatro meses, de todos os jogos da Copa Libertadores, bem como do Campeonato Mineiro, enfrentou apenas  4 testes dignos de nota: Contra o Estudiantes na Arena do Jacaré; Tolima na Colômbia; América em Varginha e o Super-Clássico contra o Atlético. Detalharei os quatro jogos.
Contra o Estudiantes na Arena do Jacaré (5x0): Única atuação irrepreensível do time celeste, o ataque comandado por Montillo, Roger, Thiago Ribeiro e Wallisson sufocou os Argentinos de tal modo , que foram raras as estocadas de Verón e companhia ao gol de Fábio. Jogando com dois volantes móveis, dois meias criativos e dois atacantes velozes, a mobilidade do ataque celeste só é comparável no futebol Brasileiro ao Santos de Neymar e Ganso. Como os Argentinos se limitaram a uma retranca, obviamente, a velocidade sobrepujou a pesada defesa portenha. Aqui vale uma ressalva, que o time argentino vivia um período de crise, o até então técnico Alejandro Savella, campeão da Libertadores, pelo mesmo Estudiantes contra o mesmo Cruzeiro a dois anos, acabara de pedir demissão, mesmo com um apelo dos jogadores contra o fato. Eduardo Berizzo, auxiliar de Marcelo Bielsa, assumiu o time e claramente não tinha aquele conhecimento dos jogadores logo superado no campeonato argentino  (Estudiantes é o vice-líder do Clausura. O segundo jogo, não levo em conta, pois Berizzo utilizou 8 jogadores reservas).
Empate contra o Tolima na Colômbia: Nesse jogo o destaque foi para a adversidade do ambiente. O campo de Ibagué é um verdadeiro pasto, a torcida fica muito próxima, pressionando o adversário a todo instante, jogando inclusive objetos das mais diferentes espécies. Por esse fator, admito que tenha sido um bom resultado. Entretanto, o melhor time das Américas teria que superar esse desafio.
Derrota contra o Atlético e vitória contra o América: Nesses dois jogos, o ponto fraco do time celeste, a defesa, veio a tona. Em ambos os jogos quando pressionada, a defesa entrega. Por conta da ofensividade do time, os laterais Gilberto/Diego Renan e o Pablo não tem a devida cobertura dos volantes, muito menos dos meias que não marcam ninguém, o miolo de zaga é fraco: Victorino que não é nenhuma assumidade, vide a eliminação da La U contra o Chivas com falhas gritantes do uruguaio, tem que jogar por ele e pelo seu companheiro Gil – legítimo “back” de roça, tecnicamente fraquíssimo. Diego Tardelli, Magno Alves,  Renan Oliveira, Fábio Jr, Camilo, Netinho e Leandro Ferreira envolveram com facilidade a defesa estrelada e olha de que times estamos falando: do contestado Atlético e do recém promovido América.
Ou seja, o Cruzeiro, só tem o retrospecto que tem na Libertadores, porque não foi atacado. Jogar contra a raposa na retranca é suicídio, já era desde os tempos de Adilson Batista, porém, nas duas oportunidades que a defesa foi pressionada ela tomou 6 gols, uma média um tanto quanto alta para o Barcelona das Américas, adjetivo cunhado pelo técnico do Peñarol. Agora nas fases decisivas tanto do Ruralito quanto da Libertadores, os azuis serão atacados e aí sim, se mesmo pressionado conseguir superar os desafios, eu o considerarei o soberano das Américas, mesmo que não ganhe a Copa Libertadores. Mas, falar desse disparate agora, no quarto mês do ano, enfrentando tão poucos adversários de respeito, que me desculpem os cruzeirenses, é uma piada de péssimo gosto.
ass. Matheus Valle

domingo, 27 de março de 2011

E agora Brasil??

O que esperar da Seleção Brasileira? De fato uma incógnita. Uma Copa do mundo jogada em casa, é um fardo, responsabilidade grande demais. Depois do fracasso de 2006, da farra do boi comandada por Ronaldo, Ronaldinho e Adriano, permitida por Carlos Alberto Parreira, se exigiu disciplina, volta do patriotismo, amor a amarelinha, o retorno do “zagalismo” se assim posso dizer.
 Para resolver a questão, Dunga foi convocado com plenos poderes para satisfazer tal aclamação. Para tanto, o mesmo engessou a seleção transformou seus jogadores em soldados, ou melhor, em guerreiros, com apoio de toda a mídia, diga-se de passagem. Com Dunga o Brasil perdeu a magia, perdeu a criatividade, perdeu o drible, características marcantes de nosso futebol, porém a seleção tinha um padrão de jogo, voltado aos contra-ataques. Disparado, o melhor sistema defensivo do mundo, com o fantástico Júlio Cesar, Lucio e Juan no miolo de zaga, com Maicon e o contestado Michel Bastos na lateral, além dos cães de guarda Gilberto Silva e Felipe Melo, esse o último o grande vilão da geração.

Sob a tutela de Dunga vencemos grandes adversários, a Argentina, nossa maior rival se tornou nossa maior freguesa, vencemos uma Copa América com time reserva e recentemente nas eliminatórias, batemos os Hermanos no caldeirão fervente de Rosário. Porém, o desastre aconteceu, fomos eliminados novamente nas quartas-de-final da Copa do Mundo, agora pela Holanda, em um jogo atípico em que a Seleção dominou amplamente o primeiro tempo deixando 1x0 no placar, entretanto com dois lances esporádicos a Holanda virou o placar. O conto de fadas de Dunga desmoronou, a imprensa que o aclamou se voltou contra o técnico e algumas convicções dadas como verdades a 4 anos pós o fracasso de 2006 desmoronaram também, o técnico covardemente foi demitido pelo telefone.
A imprensa, nada parcial começou uma campanha pela volta do futebol arte, colocando os novos Meninos da Vila (Neymar e Paulo Henrique Ganso), como principais baluartes. E o escolhido para comandar essa revolução foi o ex-técnico do Corinthians e Grêmio, Mano Menezes. Que apesar de adepto do 4-3-3, seus times eram caracterizados por uma segurança defensiva do que um ataque atraente.

Jogadores sem a mínima condição de defender o Brasil, foram chamados: Jeferson, Neto, Jucilei, Elias, Mariano,  Leandro Damião, entre outros bondes. Sendo que coincidentemente alguns desses jogadores pertencem ao empresário Carlos Leite, mera coincidência.
A primeira convocação de Mano, revelou a tendência, um time jovem e super-ofensivo enfrentou os EUA no Gillete Stadium: Vitor, Daniel Alves, David Luiz, Thiago Silva e Marcelo; Lucas e Ramires; Neymar, Ganso, Robinho e Alexandre Pato. Certamente, um time faceiro, atraente, mas tenho minhas dúvidas se esses jogadores se acuados por um adversário mais gabaritado segurarão o rojão. Acho que os recentes amistosos contra Argentina e França responderam a essa questão, duas derrotas por 1x0. Toda volúpia demonstrada por esses jovens jogadores foi neutralizada. Um lance em que Neymar tenta partir pra cima de Cambiasso, Burdisso e Coloccini e obviamente é transformado em patê pelos argentinos exemplifica o que digo. Os garotos ainda não estão prontos para uma Copa do Mundo.

Temos deficiências claras em todos os setores do campo, Dani Alves e Marcelo apesar de atualmente serem considerados os melhores do mundo,  por belas atuações em seus clubes, juntos criam um problema, ambos são ofensivos demais se enfrentarmos uma Holanda, com dois pontas bem abertos, teremos problemas.  Na cabeça de área, os bons Ramires e Lucas sempre atuam no futebol inglês onde as duas linhas de quatro são corriqueiras, Lucas atua no miolo do Liverpool, cumpre a mesma função no Brasil, porém o mesmo não vive boa fase, o que pode ser um problema para seleção e Ramires no Chelsea atua fazendo o lado direito do Losango que é o meio de campo blue, no Brasil o mesmo fica preso à cabeça de área com estocadas esporádicas ao ataque.
Na camisa 10 nossos dois melhores meias estão voltando de sérias lesões, Ganso se recupera de uma contusão  nos ligamentos do joelho, acredito que o mesmo supere esse momento difícil, mas as recentes atuações no Santos dizem o contrário, enquanto Kaká, bem esse a situação é mais difícil nas últimas temporadas o melhor jogador do mundo da temporada 2007/2008, vem sucessivamente contraindo contusões de naturezas distintas, na última Copa o jogador jogou claramente sob efeito de infiltrações, meia-bala, e com certeza tal expediente fará um mal irreparável para sua carreira. E por fim o maior problema, a camisa 9. Nos últimos 20/30 anos criamos atacantes fantásticos: Careca, Romário, Ronaldo e sim Luis Fabiano. Atualmente existe um vácuo, aquele com mais potencial, Alexandre Pato é extremamente irregular; outra opção, Hulk é uma incógnita, o atacante do Porto tem potencial para ser uma nova versão do Imperador, o atacante tem a mesma força, mas não tem o mesmo talento. Outros como André, Jonas, Diego Tardelli e Leandro Damião já se mostraram fraquíssimos para a seleção. O jeito é rezar para aparecer um nome de qualidade.
Ou seja, o cenário para 2014 é bem mais nebuloso do que se pinta, nossa seleção está muito distante de Alemanha, Espanha, Itália e Argentina.
Como diria Adilson Batista: Vamos Aguardar.
 Ass. Matheus Valle

domingo, 20 de março de 2011

Futebol Musical - A Fase Final da UEFA CHAMPIONS LEAGUE


Na última sexta-feira foi realizado o sorteio das quartas-de-final da UCL e o emparelhamento para as fases seguintes: Tottenham e Real Madrid; Shacktar e Barcelona de um lado; Chelsea e Manchester United; Inter e Schalke 04 do outro lado. Nesse post, me permitirei realizar uma análise diferente,  um tanto quanto espirituosa se assim posso dizer. Cada um dos clubes classificados será comparado a uma canção que resume sua jornada, seu atleta destaque ou o que é preciso para chegar ao título.
Confesso que a inspiração dessa brincadeira foi um post muito criativo do Paulo Antunes dos canais ESPN, referente às franquias qualificadas nos playoffs da NFL.
Que os jogos comecem!!
Schalke 04 – Who Wants to Live Forever – Queen.  Além de uma referência musical, uma referência cinematográfica, música eternizada pelo filme Highlander, o guerreiro imortal. A música em questão foi escolhida por conta do comandante do ataque Azul Real, o espanhol Raul . O atacante,  bandeira  do Real Madrid e bandeira do futebol hispânico é o maior artilheiro de todas as competições europeias com 71 gols marcados e estrela solitária do limitado time alemão montado pelo técnico Félix Magath, recentemente demitido. Dado como morto para o futebol, dispensado pelo Real Madrid, o atacante guiou a equipe alemã na fase de grupos bem como nas oitavas nos confrontos contra o Valência.  Assim como a música e como o personagem do filme, Raul  mostrou  pode até estar mais velho, mas sua qualidade continua imortal.

Inter de Milão – TNT – AC/DC. Explosão, a tônica do rock da banda Australiana e um resumo desse time comandado pelo técnico Leonardo.  Formado por uma defesa nitroglicerínica, zagueiros Lúcio e Ranocchia; os laterais Maicon e Chivo, e os volantes Thiago Mota, Cambiasso e Muntari, verdadeiros cães de guarda, destruidores por excelência, dão sustentabilidade ao cerebral Sneidjer, o arco que a todo momento está pronto para lançar as flechas Samuel Eto’o e Goran Pandev. Força física é a tônica desse time, franco favorito no confronto contra o Schalke 04.

Chelsea – Money – Pink Floyd. Dinheiro, mas muito dinheiro é o que define esse time azul, há cerca de cinco temporadas desde que o Russo Roman Abramovich adquiriu o clube, o mesmo gastou, milhões de libras com contratações badaladas a fim de conquistar a Europa, na última janela de transferência, essa tônica foi retomada com a contratação do espanhol Fernando Torres,  em que foram gastos cerca de 50 milhões de libras. O time comandado por Carlo Ancelloti, terceiro colocado no campeonato inglês, chega com um meio campo sólido de Essien, Ramires, Lampard e Malouda, quatro jogadores que atacam e defendem com a mesma eficiência e agora com a chegada de Fernando Torres, Didier Drogba terá um companheiro a altura. O confronto contra o United não tem favorito, mas o time azul fará um jogo duríssimo.

Manchester United -  Welcome to The Jungle – Guns and Roses.  Acostumado a decisões, a equipe de Manchester convidará seu adversário a entrar na selva, literalmente.  Alex Fergunson tem experiência de sobras em jogos decisivos, Wayne Rooney vive um momento iluminado, juntamente com o artilheiro Berbatov.  O time vermelho pode até não ser tão brilhante ou tão caro quanto os azuis, mas eles sabem como conquistar um caneco, sabem como vencer as dificuldades, e o estádio de Old Trafford se transforma em um verdadeiro caldeirão nesses momentos. 

Shacktar – Don’t stop Believin – Journey. A música da zebra, literalmente. O  Shacktar é o azarão nesse confronto contra o Barcelona, talvez o mais desequilibrado das oitavas. Acreditar sempre, manter a fé, jogar essas duas partidas como se fossem as últimas da vida do clube e principalmente, trazer um espírito de Libertadores para a Champions League, transformar a Arena de Donetski em um inferno, apesar do frio Ucraniano, caçar Xavi, Villa e Messi, tarefa difícil; e não desperdiçar as raras oportunidades a serem criadas são as chaves para o time laranja. Uma Missão quase impossível.

Barcelona – Pa’ Bailar – Bajo Fondo. Essse técno-tango sintetiza a proposta de jogo do Barcelona, chamam os adversários para o baile, colocam os mesmos na roda, para depois nocauteá-los. Com média de posse de bola de quase 70% por jogo. Os precisos Xavi e Iniesta, o letal Villa e o gênio Lionel Messi, transformam esse time no franco favorito do confronto  da competição pelo futebol desempenhado.

Real Madrid – Ghostbusters – Ray Parker Jr.  Mais uma dobradinha, música e cinema. Música tema do filme de mesmo nome, a canção sinaliza o objetivo do Real Madrid, espantar/caçar seus próprio fantasma, voltar a vencer uma UCL com seu plantel estrelado. Florentino Perez desde a política Galáctica vem colecionando mais fracassos do que sucessos, eliminações sucessivas para times tecnicamente inferiores, vários treinadores demitidos, jogadores contratados a peso de ouro e revendidos a preço de banana foram a tônica dessas últimas temporadas.  Nesse último ano José Mourinho, atual campeão da UCL foi contratado com o peso e a responsabilidade de recolocar os Merengues no trilho. Dentro das quatro linhas a responsabilidade de desequilibrar fica a cargo do português Cristiano Ronaldo, entretanto a base desse time fica a cargo de alguns coadjuvantes: o meia Ozil, os volantes Khedira e Xabi Alonso, bem como o artilheiro Karin Benzema.

Tottenham – Eye of a Tiger – Survivor – Para bater o Real Madrid os ingleses terão que entrar com o espírito vencedor, olhos de Tigre, tão bem sinalizados na música eternizada pelo filme Rocky – um Lutador. Com um time tecnicamente inferior, os homens de Rednapp, assim como os jogadores do Shacktar contra o Barça, terão, se quiserem conseguir algo mais na competição,  de transformar esses confrontos em uma Guerra. Transpiração terá de reinar sobre a inspiração além de uma obediência tática digna de batalhões do exército, são as chaves para o sucesso da zebra londrina.
ass. Matheus Valle