sábado, 16 de abril de 2011

O Melhor Time de Todos os Tempos da Última Semana

Desde a última quarta-feira, Belo Horizonte tem experimentado um clima de oba-oba além da conta por parte da torcida do Cruzeiro. Ok, terminar como melhor equipe da fase de grupos da Libertadores é um feito grandioso, mas daí a afirmar que o mesmo é o melhor time das Américas é no mínimo inocente, pra não dizer uma tremenda imbecilidade.
Por que uma  tremenda imbecilidade? É simples, o Cruzeiro nesses quatro meses, de todos os jogos da Copa Libertadores, bem como do Campeonato Mineiro, enfrentou apenas  4 testes dignos de nota: Contra o Estudiantes na Arena do Jacaré; Tolima na Colômbia; América em Varginha e o Super-Clássico contra o Atlético. Detalharei os quatro jogos.
Contra o Estudiantes na Arena do Jacaré (5x0): Única atuação irrepreensível do time celeste, o ataque comandado por Montillo, Roger, Thiago Ribeiro e Wallisson sufocou os Argentinos de tal modo , que foram raras as estocadas de Verón e companhia ao gol de Fábio. Jogando com dois volantes móveis, dois meias criativos e dois atacantes velozes, a mobilidade do ataque celeste só é comparável no futebol Brasileiro ao Santos de Neymar e Ganso. Como os Argentinos se limitaram a uma retranca, obviamente, a velocidade sobrepujou a pesada defesa portenha. Aqui vale uma ressalva, que o time argentino vivia um período de crise, o até então técnico Alejandro Savella, campeão da Libertadores, pelo mesmo Estudiantes contra o mesmo Cruzeiro a dois anos, acabara de pedir demissão, mesmo com um apelo dos jogadores contra o fato. Eduardo Berizzo, auxiliar de Marcelo Bielsa, assumiu o time e claramente não tinha aquele conhecimento dos jogadores logo superado no campeonato argentino  (Estudiantes é o vice-líder do Clausura. O segundo jogo, não levo em conta, pois Berizzo utilizou 8 jogadores reservas).
Empate contra o Tolima na Colômbia: Nesse jogo o destaque foi para a adversidade do ambiente. O campo de Ibagué é um verdadeiro pasto, a torcida fica muito próxima, pressionando o adversário a todo instante, jogando inclusive objetos das mais diferentes espécies. Por esse fator, admito que tenha sido um bom resultado. Entretanto, o melhor time das Américas teria que superar esse desafio.
Derrota contra o Atlético e vitória contra o América: Nesses dois jogos, o ponto fraco do time celeste, a defesa, veio a tona. Em ambos os jogos quando pressionada, a defesa entrega. Por conta da ofensividade do time, os laterais Gilberto/Diego Renan e o Pablo não tem a devida cobertura dos volantes, muito menos dos meias que não marcam ninguém, o miolo de zaga é fraco: Victorino que não é nenhuma assumidade, vide a eliminação da La U contra o Chivas com falhas gritantes do uruguaio, tem que jogar por ele e pelo seu companheiro Gil – legítimo “back” de roça, tecnicamente fraquíssimo. Diego Tardelli, Magno Alves,  Renan Oliveira, Fábio Jr, Camilo, Netinho e Leandro Ferreira envolveram com facilidade a defesa estrelada e olha de que times estamos falando: do contestado Atlético e do recém promovido América.
Ou seja, o Cruzeiro, só tem o retrospecto que tem na Libertadores, porque não foi atacado. Jogar contra a raposa na retranca é suicídio, já era desde os tempos de Adilson Batista, porém, nas duas oportunidades que a defesa foi pressionada ela tomou 6 gols, uma média um tanto quanto alta para o Barcelona das Américas, adjetivo cunhado pelo técnico do Peñarol. Agora nas fases decisivas tanto do Ruralito quanto da Libertadores, os azuis serão atacados e aí sim, se mesmo pressionado conseguir superar os desafios, eu o considerarei o soberano das Américas, mesmo que não ganhe a Copa Libertadores. Mas, falar desse disparate agora, no quarto mês do ano, enfrentando tão poucos adversários de respeito, que me desculpem os cruzeirenses, é uma piada de péssimo gosto.
ass. Matheus Valle