Após de um longo e tenebroso
inverno sem escrever absolutamente nada sobre o bom e velho esporte bretão. Aproveito esse fim de semana mais ou menos a
toa para falar de um lugar sagrado, cruel, milagroso e tenebroso ao mesmo
tempo: O famoso Canto do Ringue! Todo lutador que se preze talvez tenha escutado como primeira lição na
academia a seguinte frase: “Nunca, jamais, sob hipótese alguma” seja
acuado/levado até as cordas no caso do box ou para as grades do octógono, nessa
onda de MMA que vem tomando conta do Brasil. Tal orientação é óbvia, se por um
acaso o lutador for parar nesse lugarzinho inglório quer dizer que o mesmo foi
dominado, seja por “fórceps” seja por estratégia. E ali meus amigos, é você de
costas para a parede, muito provavelmente todo arrebentado por um adversário
tecnicamente superior, desgovernado querendo te matar a menos de um metro de
distância. Mas o que de interessante tem nesse lugar de domínio absoluto, do
massacre, da finalização? Pergunta você
caro leitor desse blog, ou seja lá quem for?
Nesse caso respondo, o interessante nessa brincadeira são as exceções.
Alguns lutadores especiais
arrancaram vitórias completamente improváveis saindo dali, é o momento da
superação, da vibração, de tirar forças de onde não tem, de aguentar firme
pancadas muito fortes, para em seguida apesar de todo esgotamento,
principalmente mental tentar dar a volta por cima. Talvez dois nomes me venham
a cabeça nesse momento um real e um fictício (já que o cinema também é uma das
minhas paixões) . O primeiro é do saudoso Joe Frazier, um dos únicos 3
lutadores a vencer Mohammed Ali, e foi nessa luta épica contra o ((talvez))
maior boxeador de todos os tempos que Frazier mostrou seu valor quando acuado
nas cordas em um soco saindo não sei de onde que mandou Ali para a lona.
O segundo exemplo é de uma das maiores referências da minha vida, o maior campeão dos cinemas, Rocky Balboa. Personagem interpretado por Silvester Stallone saído das ruas da Philadelfia era um lutador limitado que através de muito treinamento conseguiu alcançar outro nível de competição a ponto de desafiar o campeão Apollo Creed, e nessa luta contra o mais forte, mais rápido e mais bem preparado lutador Balboa foi acuado, massacrado. Porém movido pelas suas lembranças (das dificuldades de sua vida e da sua bela Adrian) Balboa conseguiu igualar as ações “na raça” e arrancar um empate épico ao fim do longa (desculpem pelos spoilers).
O segundo exemplo é de uma das maiores referências da minha vida, o maior campeão dos cinemas, Rocky Balboa. Personagem interpretado por Silvester Stallone saído das ruas da Philadelfia era um lutador limitado que através de muito treinamento conseguiu alcançar outro nível de competição a ponto de desafiar o campeão Apollo Creed, e nessa luta contra o mais forte, mais rápido e mais bem preparado lutador Balboa foi acuado, massacrado. Porém movido pelas suas lembranças (das dificuldades de sua vida e da sua bela Adrian) Balboa conseguiu igualar as ações “na raça” e arrancar um empate épico ao fim do longa (desculpem pelos spoilers).
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Em terras tupiniquins o técnico
Cuca vem se tornando PHD em voltas por cima, seu Fluminense em 2009,
virtualmente rebaixado pós uma campanha pífia no primeiro turno arrancou
incrivelmente na segunda metade do campeonato, com uma campanha de título no
segundo turno que culminou com a incrível vitória sobre o Coritiba em um jogo
de tensão e muito quebra, quebra no Couto Pereira. Dali do canto do ringue
surgiu o apelido: “time de guerreiros” que embalaria o Flu, no ano seguinte
para a conquista do Título Nacional.
O mesmo Cuca, em 2010 assumiu um
Cruzeiro atordoado pela eliminação na Libertadores na parte intermediária da
tabela, num campeonato onde a perspectiva não era das melhores para guiar o
time azul (jamais usarei o adjetivo celeste me desculpem) à um vice campeonato.
Nesse ano Cuca foi protagonista novamente com uma arrancada, só que dessa no
outro lado da lagoa. Muitos comentaristas , inclusive o blogueiro que vos fala
já dava como certo o rebaixamento do Galo. O Próprio Cuca teve um início claudicante com 7 derrotas
consecutivas, isso mesmo 7 derrotas! E mesmo assim o improvável aconteceu, o
alvinegro a beira de um Knock Out conseguiu sair do canto do Ringue do
Brasileirão, principalmente por conta do desempenho como mandante no segundo
turno (6 vitórias e 2 empates) e da incrível vitória diante do atual campeão
Brasileiro o Fluminense, no Engenhão. O Galo que já havia vivido situação
parecida no ano passado conseguiu se safar novamente.
Agora quem está no canto do
ringue pronto pra ser massacrado é o Cruzeiro, fato curioso para um clube que
nos últimos anos se gabava por sempre fazer campanhas na parte de cima da
tabela, mas nesse campeonato está na rabeira lutando contra o Ceará e o
Atlético Paranaense na zona do rebaixamento. Um time sem ataque e sem defesa, dependente da
genialidade de um camisa 10 desgastado fisicamente e mentalmente. Será que o
time estrelado sai dessa? Ou é nocauteado?
Para fechar esse texto retomo ao
começo, nunca se deixe levar ao canto do ringue. As viradas são prováveis, mas
não acontecem sempre. Na verdade, na maioria dos casos essa fragilidade é
refletida em derrota. Retomando novamente Ali só perdeu 3 vezes em sua
carreira, nas outras lutas o mesmo foi dominante e ratificou seu domínio. Apesar de grandes viradas serem bonitas de se
ver, realmente gerarem grandes histórias para serem contadas, são reflexo de fragilidade física, emocional,
tática e até de planejamento. Apesar de atenuarem, elas não encobrem o fato dos
times em questão terem sido em certo momento dominados ao ponto de quase irem a
lona.
* Nota que um dos motivadores desse texto foi o jornalista e blogueiro Lúcio de Castro da ESPN, que também ja discutiu algumas vezes brilhantemente a metáfora do canto do ringue.