É impossível não associar o momento político no qual passa o Estado brasileiro,
com a Copa das Confederações. Em meio a protestos em Belo Horizonte; São Paulo; Porto Alegre e no Rio, a breve fala da presidenta Dilma Rouseff fez o estádio na Capital vir abaixo em estrondosas vaias, desconsertando Joseph Blatter e as autoridades presentes ( cabe lembrança de que não foi a primeira vez que um chefe de estado foi vaiado em um campo de futebol, Lula e Fernando Henrique já experimentaram tal expediente.). Esse seria o primeiro ingrediente da partida dessa tarde de sábado.
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O clima do Mané Garrincha era
de fato perigoso para seleção Brasileira caso uma má atuação ocorresse. O adversário apesar de inferior tecnicamente é uma seleção perigosa, o futebol
japonês já não é tão frágil como antigamente.
Sobre o jogo especificamente, o Brasil no papel esteve postado
em um 4-2-3-1 com Julio Cesar, Daniel Alves, D.Luiz, Thiago Silva, Marcelo,
L.Gustavo, Paulinho, Hulk (Hernanes), Oscar, Neymar (Lucas) e Fred (Jo).
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Porém
em campo viu-se um desenho diferente, o técnico Luiz Felipe Scolari começou a
colocar suas manguinhas de fora, pois Luis Gustavo jogava praticamente como terceiro
zagueiro, dando assim mais liberdade
principalmente para o lateral esquerdo Marcelo que não tinha muitas funções
defensivas. Diria então que o Brasil estava postado em um 3-4-2-1 com Hulk
auxiliando na marcação do lado direito e Oscar se alinhando com Paulinho na
meio de campo.
Já o Japão estava postado em um 4-5-1 com Kawashima, Ushida,
Yoshida, Konno, Nagatomo, Endo (Hosogai), Hasebe , Kyiotake (Maeda), Honda (Inui),
Kagawa e Okazaki. No Japão cabe nota que Ushida raramente subia ao ataque dando
mais liberdade para Nagatomo do lado esquerdo
Vamos ao jogo, para quebrar a
tensão no estádio, o Brasil deveria fazer um gol rapidamente pelo fato da
seleção Japonesa, do Técnico Zacheroni, estar disposta a armar um catenaccio
bem a moda azurrra que certamente irritaria a torcida. Para a sorte de Felipão
(atributo que acompanha a carreira do técnico desde os tempos de Criciúma) aos
3 min Marcelo já avançado lança a bola para Fred que ajeita de peito para
Neymar quebrar o jejum de 10 jogos sem gols e com uma bola muito bem colocada
abrir o placar para o Brasil (deve-se ressaltar que os 185cm do goleiro japonês
contribuíram para o lance, mas foi uma bola muito bem chutada). Êxtase da
torcida e principalmente tranquilidade para a seleção. O que aconteceu a seguir
foi um marasmo de ideias, a tônica da seleção brasileira nos últimos jogos.
Fato justificável pela parte ofensiva da seleção canarinho, todos os jogadores
do meio para frente são carregadores de Bola (Alguns um pouco mais habilidosos
como Neymar e Oscar e outros caneleiros como o Hulk). Todos imprimem um ritmo
muito intenso, entretanto, não existe alguém com a capacidade de
pensar o jogo, de cadenciar quando preciso, de cozinhar uma defesa bem postada
(talvez Hernanes possa se transformar nesse cara). Por incrível que pareça só
acontece alguma coisa diferente no ataque Brasileiro quando Marcelo se aventura
no ataque, dos pés do lateral esquerdo tem saído as jogadas mais perigosas da
seleção brasileira. Defensivamente o Brasil foi firme, Felipão claramente usou
um expediente de faltas (lembrando o velho futebol gaúcho) na intermediária,
um negócio até exagerado em certos momentos, fato que travou a velocidade do
meio japonês, reflexo disso foi a fraca
partida dos astros Honda e Kagawa. No frigir dos ovos daria uma nota 5,5 para
seleção brasileira no primeiro tempo, apesar da vitória.
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A segunda etapa começou exatamente como a primeira: gol relâmpago do
brasil. Bola transita da esquerda para direita e Daniel Alves executa um
cruzamento na medida para Paulinho dentro da área girar como centro-avante e bater
no canto esquerdo deixando o goleiro japonês com algumas penas na mão. Esse gol
é bem didático já que o brasil tinha 5 jogadores se projetando para dentro da
área esperando o cruzamento de Daniel Alves, com Paulinho o Oscar alinhados,
Hulk armando uma parede e Neymar se infiltrando pelo meio. Quem arma as jogadas
do brasil são os dois laterais, não há um cérebro no meio campo. Oscar se
comporta como meia de chegada que ele é, não como organizador. Se fosse o caso
ele estaria posicionado uns cinco passos para trás se alinhando com os laterais (conforme a seta vermelha).
Com o 2x0 a seleção Japonesa se
entregou em campo e o Brasil levou o jogo em banho-maria. Por volta dos 20 minutos
de jogo a torcida Brasileira novamente perdia a paciência com o incrível Hulk, que não conseguia acertar uma jogada, e cantava o nome de Lucas do PSG. Até que
por volta dos 30 minutos Lucas e Hernanes substituíram Neymar e Hulk. Com
Hernanes em campo, o time passava para um 4-1-2-3 com Luiz Gustavo a frente da zaga, Paulinho e Hernanes alinhados na meia, Oscar saindo pela esquerda um pouco mais recuado, Lucas bem aberto na direita como um ponta (sem muitas obrigações defensivas) e Fred centralizado.
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Finalmente a bola passava pelo meio campo com mais tranquilidade, e
Oscar finalmente poderia executar melhor seu jogo. Fato que no último lance da
partida em um contra-golpe de almanaque se concretizou no gol de Jô (que havia
entrado no lugar de Fred por volta dos 40 min do segundo tempo). Detalhe para o
posicionamento do Oscar já com a presença do Hernanes. Daria para o Brasil uma nota 6,5 no segundo tempo.
Penso que o Brasil foi preciso
quando teve as oportunidades. Porém, temos que nos atentar que o jogo foi ganho por
conta do maior vigor físico da seleção brasileira que afogou os japoneses. Ainda existem muitos problemas na criação de
jogadas: Fred não participa do ataque, fica
sempre preso entre os zagueiros; Neymar apesar do gol foi discreto; Hulk
não acrescenta nada e Oscar não é um organizador. A saída de bola quando pressionada não tem qualidade, o time apela sempre para os chutões, dificultando assim a organização das jogadas e até contra ataques bem puxados. Pontos positivos: a atuação do lateral Marcelo, mais uma mês
provou que é talvez o melhor lateral esquerdo do mundo; e novo posicionamento
dos Luiz Gustavo, mais fixo entre os Zagueiros que deu maior consistência ao
setor defensivo.
Brasil precisa de mais jogos com essa formação, mas pelo que o Felipão está mostrando teremos no máximo um time competitivo no sentido literal da palavra, e isso talvez não seja suficiente para voos mais longos, principalmente quando projetada uma Copa do Mundo