sábado, 5 de julho de 2014

Brasil e a Fantástica Fábrica de Vilões Nacionais. Agora só o Zuñiga é Macaco

Logo após o lance da joelhada Neymar Jr., findado o calor do jogo, parei para observar a reação da imprensa e das redes sociais a respeito do caso.

Como apreciador do futebol e modéstia a parte entendedor do velho esporte bretão, da pra saber quando um lance é maldoso e quando é um acidente derivado de uma disputa forte. Mario Balotelli, no jogo Itália x Uruguai, aquele jogo da mordida, protagonizou um lance idêntico em uma disputa de bola contra o Uruguaio Cáceres, o Italiano chegou com o Joelho na nuca do seu adversário, pegou de raspão, porém o lance é aclamado pela "loucura" do italiano e pela "guerra"  que virou aquela partida, no sentido  positivo da palavra.

  
Do mesmo modo era Brasil e Colômbia, Camilo  Zuñiga estava defendendo seu país com a alma de um guerreiro,  como David Luiz  e Thiago Silva defendiam a seleção amarela, jogadores em um mata-mata tem que entrar firmes, não houve maldade, houve firmeza. Inclusive o camisa 10 colombiano James Rodrigues foi caçado por Fernandinho o jogo inteiro e no âmbito  geral a partida registrou um total de 54 faltas, 31 do time de Felipão,  ou seja, o jogo era peleado das duas partes.

Pós jogo a começou um processo que a imprensa brasileira, sabe bem fazer, criar um inimigo nacional. Foi extremamente tendencioso o relato das duas tv's abertas que transmitiam o cotejo, principalmente o senhor Galvão Bueno, na transmissão e no jornal nacional. A CBF exige que o exagero de punição aplicado a Luis Suarez, seja dado ao colombiano, por um  lance  que o árbitro estava vendo claramente e  não entendeu como cabível de cartão vermelho. Estão tentando criar um vilão...


O povo brasileiro, como sempre frisei, fracasso total como civilização, nas redes sociais parte para agressões de conotação racista ao colombiano, esse mesmo povo que se “solidarizou" ao Dani Alves no caso da banana, dois  pesos e duas medidas desses Yellow Blocks  brancos de classe média/alta ,verde e amarelos com muito orgulho e com  muito amor, que se acham superiores aos seus iguais. Por esse tipo de gente que com toda sinceridade tenho um certo asco por essas terras brasileiras, e pena por essa gente tão atrasada.  Ainda precisaremos de décadas, quem sabe séculos para mudar essa realidade.




domingo, 15 de junho de 2014

Mesmo sem Falcão, Várias Andorinhas podem fazer um Verão!

Belo Horizonte, 14/06/2014, esse autor que vos  escreve teve a felicidade de acompanhar ao vivo um jogo de Copa do Mundo, e que jogo! e que clima! Os colombianos fizeram Belo Horizonte parecer Bogotá e o Mineirão se transformou em El Campín! E se transformou mesmo, porque não tínhamos uma plateia de colombianos, era torcida, era la hinchada de Colômbia! Que vibrou, chingou e chorou com sua seleção, foi de fato uma das experiências futebolísticas mais emocionantes da minha vida.

Especificamente sobre o jogo, o time da Casa estava alinhado taticamente em um 4-1-3-2 – Ospina; Zapata, Yepes, Sanches e Armero (Arias); Zuniga, Aguilar (Mejia), James Rodriguez e Cuadrado; Ibarbo e Gutierrez (Martinez) – que devido a intensa movimentação de Pablo Armero, se transformava  em um 3-5-2, visto que Zapata, zagueiro de origem pouco se arriscava ao ataque, deixando o corredor direito  a cargo de Zuniga, com James Rodrigues flutuando por todo o campo sem obrigações defensivas. Já a Grécia se alinhou em um 4-3-3 – Karnezis; Maniatis, Manolas, Kone (Karagounis) e Torosidis; Katsouranis, Papastathopoulos, Cholevas e Sapingidis (Fetfatzidis); Gekas (Mitroglou) e Samaras –

Com a bola rolando, a Colômbia começou o jogo motivada, pressionando os gregos em seu campo de defesa e com muita velocidade ao trocar passes, com apenas 5 minutos Cuadrado avança pela direita e cruza para chute de Armero, que desviou no zagueiro grego e entrou chorando para o gol. 

Após o gol o time grego, muito voluntarioso subiu suas linhas e chegou até a fazer certa pressão na Colômbia que naturalmente e conscientemente recuou em busca de contra-ataques, mas se sobrava vontade aos gregos, faltava técnica. Os gregos trocavam bem a bola até aquele passe final que nunca entrava. O trio ofensivo Gekas, Samaras e Salpingidis jogaram até bem, mas não o suficiente. O goleiro Ospina foi exigido apenas uma vez em um chute no ângulo de Kone.

O Segundo tempo começou como o primeiro, os Colombianos voltaram mais bem postados e a pressão grega não fazia tanto efeito quanto ao final da primeira parte da peleja. Aos  12 minutos  em uma jogada claramente ensaiada, James Rodrigues bate um escanteio no primeiro pau, a bola é desviada levemente por Yepes, cruza toda a pequena área e se oferece para Téo Gutierrez, o controverso substituto de Falcão Garcia no comando de ataque Colombiano empurrar para o Gol (2X0), tranquilidade no Mineirão. 

A bola agora ficava mais tranquila nos pés dos Colombianos e as arquibancadas ditavam o ritmo aos gritos de Olê, Olê...uma nota que a seleção da Colômbia  se envolveu com a euforia das arquibancadas e foi preciosista demais em alguns lances, principalmente o Camisa 10 James Rodrigues que sem Falcão se  tornou  a referência do time. Em uma bola perdida no campo de ataque a Grécia em uma jogada de pivô de Samaras, viu Mitroglou carimbar a trave de Ospina e quase complicar o jogo.

Entretanto, quando essa habilidade vai em direção ao gol, podem sair lances lindos como a pintura que foi o terceiro gol, já aos 47 do segundo tempo. Um misto de técnica e habilidade entre Cuadrado e James Rodrigues que finalizou com extrema perícia no canto do goleiro.


A Colômbia vem forte e disciplinada, um time muito bem regido pelo argentino José Peckerman e que certamente pode ser uma surpresa na Copa,  principalmente  se esses grandes valores individuais se comprometerem em jogar efetivamente como uma equipe, e como colocado no título dessa crônica, mesmo sem Falcão,  várias andorinhas podem sim fazer verão e talvez até quem sabe trazer esse título  inédito e histórico para o futebol Colombiano. 

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Imagina na Copa! Brasil x Croácia - Que os jogos comecem!

Começou a Copa do Mundo meus amigos, e um jogo de abertura certamente é algo completamente diferente, algo envolto de histórias que certamente carrega muita expectativa. Desde 1998 acompanho cerimônias de abertura e essa de hoje certamente foi das mais turbulentas, por conta de todo contexto político/ideológico que cerca o país desde a famosa revolução dos 0,20 centavos.
Mas vamos as quatro linhas, que é o que importa nessa festa do futebol. O Brasil foi a campo escalado em um 4-2-3-1 - 2. Júlio César, 2. Daniel Alves, 3. Thiago Silva, 4. David Luiz e 6. Marcelo ; 17. Luiz Gustavo e 8. Paulinho  depois 18. Hernanes 17 do 2º; 11. Oscar, 10. Neymar depois 16. Ramires 42 do 2ºT e 7. Hulk depois 20. Bernard 23 do 2ºT; 9. Fred – que oscilava para um 5-3-2 defensivamente quando Luiz Gustavo se alinhava aos zagueiros e em um 4-4-2 ofensivo quando  Neymar se infiltrava e se juntava a Fred no ataque.

A Croácia também alinhada em um 4-2-3-1 - Pletikosa, 11. Srna, 5. Corluka, 6. Lovren e 2. Vrsaljko 7. Rakitic e 10. Modric; 4. Perisic, 20. Kovacic (14. Brozovic 15 do 2º) e 18. Olic; 9. Jelavic  19. Rebic 32 do 2º). – que se transformava defensivamente em um 4-4-2 sendo que os 10 jogadores marcavam no campo de defesa.


O jogo começou nervoso, a seleção Croata de maneira inteligente esfriou o ímpeto inicial brasileiro com um sistema de defesa híbrido, ou seja que alternava marcação no campo de ataque e a famosa casinha de caboclo no campo de defesa, com um ferrolho de 10 homens. Modric e Rakitic articulavam bem o time do campo de defesa e os pontas croatas levavam vantagem no confronto contra os laterais brasileiros. O primeiro gol do jogo, aos 10 min do primeiro tempo, saiu em uma jogada dessas em que a Croácia adiantou sua marcação, Olic levou vantagem sobre Daniel Alves que permitiu o cruzamento para Jelavic e em uma fatalidade o lateral brasileiro Marcelo acabou fazendo o primeiro gol da Copa do Mundo. O Brasil novamente encontrou dificuldades no setor de criação, o time de Felipão não se sente bem quando tem que propor o jogo e se limitava a levantar bolas na área a Fred. Os volantes não tem capacidade criativa suficiente para armar o jogo de trás e Paulinho que seria esse homem surpresa não realizou uma boa partida. Entretanto em um momento de pura vibração e técnica no meio campo Oscar brigou pela bola na intermédiária e Neymar em sua característica que é carregar, levou a pelota até a entrada da área e em um chute bem colocado empataria  o jogo aos  28min do primeiro tempo (na minha visão o goleiro Croata estava mal posicionado no lance, configurando uma falha).


Começa o segundo tempo com um padrão parecido com o primeiro, entretanto a Croácia tinha mais a bola,  Brasovic deu ao time uma consistência e uma verticalidade que Matteo Kovacic não conseguiu aplicar ao jogo. Entretanto em uma jogada clássica de times de Luis Felipe  Scolari, quando a Croácia estava melhor em campo aconteceu saiu o segundo gol,  penetração em diagonal e o centro avante Fred executando o Pivô. Se  o Gol saísse nessa jogada tudo bem, mas Don Fredón com toda sua experiência de brasileirão e penalty’s a brasileira chamou o contato do zagueiro Lovren e esparramou  na grande área, atuação digna de   Leonardo di Cáprio, que estava presente no Itaquerão. Neymar cobra com firmeza para aliviar a tenção e colocar o Brasil no comando do placar.

O erro do árbitro mudaria todo o panorama da peleja, visto que os amarelos passariam a jogar no seu estilo preferido, sem a bola, puxando contra ataques agora guiados por Hernanes que entrara no lugar de Paulinho, o arco perfeito e do garoto Bernard, aquele com alegria nas pernas, a Flecha Brasileira que entrara no lugar do apagado Hulk. As substituições surtiram efeito e o terceiro gol foi sintomático, em uma jogadaça de gente grande protagonizada por Oscar aos 45 min do segundo tempo, que carregou a bola do meio campo em velocidade, se livrando de defensores croatas e da entrada da área em uma tacada de bilhar protagonizou dos momentos mais bonitos dessa Copa -Golaço.


Concluindo, a Croácia foi um adversário duríssimo que exigiu da seleção brasileira ofensivamente e defensivamente, escancarou alguns pontos fracos da seleção que merecem ser observados por Luiz Felipe Scolari, talvez seja a hora de testar Hernanes ou Fernandinho no meio campo no lugar do irregular Paulinho e na lateral direita, nesse caso é opinião pessoal de quem vos escreve, talvez Maicon seja um lateral mais seguro para a composição  do 4-2-3-1 do que Dani Alves.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Não vivemos de vaidades, Torcemos Contra o Vento! Não chore, Cante!


Olha o golpe de ontem foi pesado, dormimos deuses e acordamos mortais.  Ontem talvez foi a maior vergonha esportiva que o galo passou na vida, maior que o rebaixamento (pois o time era ridículo, a diretoria desorganizada..cair era esperado, apesar da grandeza do clube) e maior que aquele 6x1 (que até os cruzeirenses sabem que foi um resultado "estranho" em um país de ricardos Teixeiras, Marins, Perrelas, bmg's, Kalil's e de um futebol tão sujo nos bastidores). 


Ontem o senhor Cuca e os senhores jogadores simplesmente jogaram no lixo de maneira melancólica o sonho do atleticano. Eu só não estava lá em Marrakesh pois teria que operar minhas pernas nas férias. Era um sonho poder jogar contra os campeões da Europa, sonho de menino. Haviam 20 mil abnegados/fiéis que estavam em loco, cruzaram o atlântico carregando a vontade dos 8 milhões que ficaram no brasil, em peregrinação ao galo e  terão a pior viagem de volta da vida.


Pior viagem de volta, pois eles sabiam que no dia anterior o comandante abandonou o barco seduzido pelo dinheiro oriental, logo na véspera do jogo mais importante da vida, logo nesse jogo. A tensão e as palavras do Marcos Rocha na substituição sinalizavam o sentimento de alguns jogadores para seu comandante. Sabíamos que não era bom sinal, as estrelas diziam, eu no fundo, no fundo ja sabia que fim seria trágico. Não tem santa, não tem sorte, não tem mãe, nem São Victor que vire jogo assim seu Cuca. 


Já os jogadores, que sirva de lição, foco! contra qualquer adversário se jogassem como jogaram contra o Cruzeiro, contra o São paulo, venceriam os africanos de 3,4,5,6,7 a zero, mas entraram tensos, entraram com a cabeça em outro lugar, ignoraram a torcida, ignoraram tudo.


Agora vamos começar 2014 do 0, com uma nova comissão técnica e com um elenco possivelmente bem renovado. O ano que tinha tudo pra ser de afirmação, mas se desenha como um ano de sofrimento, termos que ter paciência. Mas estaremos aqui, como sempre estivemos. 

Estávamos naquele empate com o Vasco em 2005, estávamos em 14º na série B, estávamos naquela derrota doida para o Flamengo em 2009, estávamos no fatídico 6x1 em 2011, e estamos agora voltando com o coração sangrando de Marrakesh, mas estamos.

Amigos Atleticanos essa derrota foi dura, admito que meu olho mareou como não tinha mareado em outras vezes. Contudo ela também foi boa para que retornemos a nossa origem. Lembram da frase: toda arrogância será castigada! fomos arrogantes, essa euforia subiu um pouco também na nossa cabeça, sim faço minha meia culpa. Fomos lembrados da pior maneira que não vivemos cheios de vaidade.

Atleticanos Nós Torcemos Contra o Vento! Nunca se esqueçam desse mantra! E não chorem amigos, cantem nossa paixão e cantem alto com um Galo!

domingo, 16 de junho de 2013

Espanha 2 x 1 Uruguai - Tik Taka Tik Taka

O Jogo mais esperado da Rodada, o embate entre a atual Campeã da Europa e do Mundo e o Campeão da América. Duas seleções que vivem momentos distintos, a Espanha lidera seu grupo nas eliminatórias após um resultado fantástico contra a França em Saint Dennis, enquanto a Celeste tropeça nas eliminatórias sul-americanas com um fraquíssimo quinto lugar após uma vitória sofrida contra a frágil Venezuela.

A Espanha joga em um 4-2-3-1 com Casillas, Aberloa, S.Ramos,  Pique e Alba; Busquets, Xavi (Martínez), Pedro, Fabregas (Cazorla), Iniesta e Roberto Soldado no comando de ataque. Já o Uruguai vem com um 4-2-2-2 rígido com Muslera, Pereira, Godin, Lugano, Martin  Cáceres na linha de trás, com o lateral esquerdo fixo quase como um terceiro zagueiro e Maxi com um pouco mais de liberdade. Perez (Forlan) e Gargano (Lodeiro) são dois leões na frente da zaga. Cristian Rodrigues e Gastón Ramirez (Fernandes) fazendo a meia com Cavani e Suarez isolados na frente.

Começo de jogo aparece com uma Espanha dominante, com o bom e velho Tik-Taka passes para um lado e para outro, cozinhando a defesa Uruguaia. Muitos passes, muitos mesmo, mas diferentemente de outras jornadas que a seleção espanhola apresentava  um jogo enfadonho, dessa vez as triangulações se faziam em uma progressão mais vertical, envolvendo a Celeste que recuava  os 11 jogadores, mas haviam enormes buracos entre os setores. Gargano e Perez jogam muito distantes e os meias não ajudam na recomposição. Detalhe da imagem para a movimentação do ataque espanhol sempre buscando triangulações e a distância dos marcadores uruguaios.  O lance começou com uma arrancada de Alba pela esquerda, corta-luz de Iniesta e bola na trave de Fábregas. 

Outro erro clássico do time celeste que logo que rouba a bola,  a entrega para os Espanhóis que marcam firme no campo de ataque.
O Domínio espanhol  ogo se transformou em vantagem no placar aos 20 minutos em um chute de fora da área de Pedro Rodrigues, o jogador mais agudo do time espanhol. Costumo brincar que o telefone do time da Espanha toca, toca toca e só Pedrito atende.

Com o primeiro gol a Espanha arrefeceu um pouco a marcação convidando o Uruguai para o seu campo, convidando a Celeste a expor sua defesa à talvez um contra-ataque que seria mortal. Esse contra-ataque não demorou pra sair na medida que Busquets encontrou Fábregas solto na intermediária uruguaia que com um passe seco encontrou  Roberto Soldado cara a cara com Muslera que com muita frieza chutou no ângulo de Muslera. 2x0 Espanha.

A chuva engrossou e os Uruguaios começaram a usar um velho expediente do futebol portenho, que deixou o jogo com mais contato, mais pegada e até com mais violência. Cavani acertou Sergio Ramos, Perez acertou Alba, Gargano não largou Fábregas. Tal tática irritou de certa maneira os espanhóis mas não mudou a toada do jogo. Tik-Taka.

No segundo tempo para corrigir o caos defensivo, Oscar Tabárez adiantou a marcação e substituiu Gaston Ramirez que pouco acrescentou para a entrada Álvaro Gonzaléz que teria mais obrigações defensivas pelo lado direito da defesa Uruguaia. Alteração que pouco mudou a dinâmica do jogo já que as triangulações espanholas continuaram funcionando.

Aos 25 minutos Tabárez vai para uma tática Kamikaze ao tirar seus dois cães de caça, Perez e Gargano para colocar dois armadores Lodeiro e Forlán e uma marcação intensa no campo de ataque. Entretanto a Espanha tem mais espaço e mesmo com a pressão uruguaia ela ainda era mais perigosa.

Em um lance completamente isolado, aos 43 minutos do segundo tempo Luizito Suarez bateu uma falta no ângulo de Casillas. Um pouco de emoção nos minutos finais com o Uruguai pressionando a Espanha. Meio irônico esse final de jogo, mas tem sido a tônica da seleção espanhola. 70% de posse de bola,  vitória com vantagem mínima e pressão no final. Mesmo assim venceu quem jogou mais.

Melhor em Campo: Andrés Iniesta!

Brasil 3 x 0 Japão - 1ª Rodada da Copa das Confederações.

É impossível  não associar o momento político no qual passa o Estado brasileiro, com a Copa das Confederações. Em meio a protestos em Belo Horizonte; São Paulo; Porto Alegre e no Rio,  a breve fala da presidenta Dilma Rouseff fez o estádio na Capital vir abaixo em estrondosas vaias, desconsertando Joseph Blatter e as autoridades presentes ( cabe lembrança de que não foi a primeira vez que um chefe de estado foi vaiado em um campo de futebol, Lula e Fernando Henrique já experimentaram tal expediente.). Esse seria o primeiro ingrediente da partida dessa tarde de sábado. 

 


O clima do Mané Garrincha era de fato perigoso para seleção Brasileira caso uma má atuação ocorresse.  O adversário apesar de inferior tecnicamente é uma seleção perigosa, o futebol japonês já não é tão frágil como antigamente.

Sobre o jogo especificamente, o Brasil no papel esteve postado em um 4-2-3-1 com Julio Cesar, Daniel Alves, D.Luiz, Thiago Silva, Marcelo, L.Gustavo, Paulinho, Hulk (Hernanes), Oscar, Neymar (Lucas) e Fred (Jo). 


Porém em campo viu-se um desenho diferente, o técnico Luiz Felipe Scolari começou a colocar suas manguinhas de fora, pois Luis Gustavo jogava praticamente como terceiro zagueiro,  dando assim mais liberdade principalmente para o lateral esquerdo Marcelo que não tinha muitas funções defensivas. Diria então que o Brasil estava postado em um 3-4-2-1 com Hulk auxiliando na marcação do lado direito e Oscar se alinhando com Paulinho na meio de campo.


 Já o Japão estava postado em um 4-5-1 com Kawashima, Ushida, Yoshida, Konno, Nagatomo, Endo (Hosogai), Hasebe , Kyiotake (Maeda), Honda (Inui), Kagawa e Okazaki. No Japão cabe nota que Ushida raramente subia ao ataque dando mais liberdade para Nagatomo do lado esquerdo

Vamos ao jogo, para quebrar a tensão no estádio, o Brasil deveria fazer um gol rapidamente pelo fato da seleção Japonesa, do Técnico Zacheroni, estar disposta a armar um catenaccio bem a moda azurrra que certamente irritaria a torcida. Para a sorte de Felipão (atributo que acompanha a carreira do técnico desde os tempos de Criciúma) aos 3 min Marcelo já avançado lança a bola para Fred que ajeita de peito para Neymar quebrar o jejum de 10 jogos sem gols e com uma bola muito bem colocada abrir o placar para o Brasil (deve-se ressaltar que os 185cm do goleiro japonês contribuíram para o lance, mas foi uma bola muito bem chutada). Êxtase da torcida e principalmente tranquilidade para a seleção. O que aconteceu a seguir foi um marasmo de ideias, a tônica da seleção brasileira nos últimos jogos. Fato justificável pela parte ofensiva da seleção canarinho, todos os jogadores do meio para frente são carregadores de Bola (Alguns um pouco mais habilidosos como Neymar e Oscar e outros caneleiros como o Hulk). Todos imprimem um ritmo muito intenso, entretanto, não existe alguém com a capacidade de pensar o jogo, de cadenciar quando preciso, de cozinhar uma defesa bem postada (talvez Hernanes possa se transformar nesse cara). Por incrível que pareça só acontece alguma coisa diferente no ataque Brasileiro quando Marcelo se aventura no ataque, dos pés do lateral esquerdo tem saído as jogadas mais perigosas da seleção brasileira. Defensivamente o Brasil foi firme, Felipão claramente usou um expediente de faltas (lembrando o velho futebol gaúcho) na intermediária, um negócio até exagerado em certos momentos, fato que travou a velocidade do meio japonês, reflexo disso  foi a fraca partida dos astros Honda e Kagawa. No frigir dos ovos daria uma nota 5,5 para seleção brasileira no primeiro tempo, apesar da vitória.


A segunda etapa começou  exatamente como a primeira: gol relâmpago do brasil. Bola transita da esquerda para direita e Daniel Alves executa um cruzamento na medida para Paulinho dentro da área girar como centro-avante e bater no canto esquerdo deixando o goleiro japonês com algumas penas na mão. Esse gol é bem didático já que o brasil tinha 5 jogadores se projetando para dentro da área esperando o cruzamento de Daniel Alves, com Paulinho o Oscar alinhados, Hulk armando uma parede e Neymar se infiltrando pelo meio. Quem arma as jogadas do brasil são os dois laterais, não há um cérebro no meio campo. Oscar se comporta como meia de chegada que ele é, não como organizador. Se fosse o caso ele estaria posicionado uns cinco passos para trás se alinhando com os laterais (conforme a seta vermelha).

Com o 2x0 a seleção Japonesa se entregou em campo e o Brasil levou o jogo em banho-maria. Por volta dos 20 minutos de jogo a torcida Brasileira novamente perdia a paciência com o incrível Hulk, que não conseguia acertar uma jogada, e cantava o nome de Lucas do PSG. Até que por volta dos 30 minutos Lucas e Hernanes substituíram Neymar e Hulk. Com Hernanes em campo, o time passava para um 4-1-2-3 com Luiz Gustavo a frente da zaga, Paulinho e Hernanes alinhados na meia, Oscar saindo pela esquerda um pouco mais recuado, Lucas bem aberto na direita como um ponta (sem muitas obrigações defensivas) e Fred centralizado.
Finalmente a bola passava pelo meio campo com mais tranquilidade, e Oscar finalmente poderia executar melhor seu jogo. Fato que no último lance da partida em um contra-golpe de almanaque se concretizou no gol de Jô (que havia entrado no lugar de Fred por volta dos 40 min do segundo tempo). Detalhe para o posicionamento do Oscar já com a presença do Hernanes. Daria para o Brasil uma nota 6,5 no segundo tempo.



Penso que o Brasil foi preciso quando teve as oportunidades. Porém, temos que nos atentar que o jogo foi ganho por conta do maior vigor físico da seleção brasileira que afogou os japoneses. Ainda existem muitos problemas na criação de jogadas: Fred não participa do ataque, fica  sempre preso entre os zagueiros; Neymar apesar do gol foi discreto; Hulk não acrescenta nada e Oscar não é um organizador. A saída de bola quando pressionada não tem qualidade, o time apela sempre para os chutões, dificultando assim a organização das jogadas e até contra ataques bem puxados. Pontos positivos:  a atuação do lateral Marcelo, mais uma mês provou que é talvez o melhor lateral esquerdo do mundo; e novo posicionamento dos Luiz Gustavo, mais fixo entre os Zagueiros que deu maior consistência ao setor defensivo.

Brasil precisa de mais  jogos com essa formação, mas pelo que o Felipão está mostrando teremos no máximo um time competitivo no sentido literal da palavra, e isso talvez não seja suficiente para voos mais longos, principalmente quando projetada uma Copa do Mundo


terça-feira, 22 de novembro de 2011

Superação! O Futebol e o Canto do Ringue!


Após de um longo e tenebroso inverno sem escrever absolutamente nada sobre o bom e velho esporte bretão.  Aproveito esse fim de semana mais ou menos a toa para falar de um lugar sagrado, cruel, milagroso e tenebroso ao mesmo tempo: O famoso Canto do Ringue! Todo lutador que se preze talvez  tenha escutado como primeira lição na academia a seguinte frase: “Nunca, jamais, sob hipótese alguma” seja acuado/levado até as cordas no caso do box ou para as grades do octógono, nessa onda de MMA que vem tomando conta do Brasil. Tal orientação é óbvia, se por um acaso o lutador for parar nesse lugarzinho inglório quer dizer que o mesmo foi dominado, seja por “fórceps” seja por estratégia. E ali meus amigos, é você de costas para a parede, muito provavelmente todo arrebentado por um adversário tecnicamente superior, desgovernado querendo te matar a menos de um metro de distância. Mas o que de interessante tem nesse lugar de domínio absoluto, do massacre, da finalização?  Pergunta você caro leitor desse blog, ou seja lá quem for?  Nesse caso respondo, o interessante nessa brincadeira são as exceções.

Alguns lutadores especiais arrancaram vitórias completamente improváveis saindo dali, é o momento da superação, da vibração, de tirar forças de onde não tem, de aguentar firme pancadas muito fortes, para em seguida apesar de todo esgotamento, principalmente mental tentar dar a volta por cima. Talvez dois nomes me venham a cabeça nesse momento um real e um fictício (já que o cinema também é uma das minhas paixões) . O primeiro é do saudoso Joe Frazier, um dos únicos 3 lutadores a vencer Mohammed Ali, e foi nessa luta épica contra o ((talvez)) maior boxeador de todos os tempos que Frazier mostrou seu valor quando acuado nas cordas em um soco saindo não sei de onde que mandou Ali para a lona.

O segundo exemplo é de uma das maiores referências da minha vida, o maior campeão dos cinemas, Rocky Balboa. Personagem interpretado por Silvester Stallone saído das ruas da Philadelfia era um lutador limitado que através de muito treinamento conseguiu alcançar outro nível de competição a ponto de desafiar o campeão Apollo Creed, e nessa luta contra o mais forte, mais rápido e mais bem preparado lutador Balboa foi acuado, massacrado. Porém movido pelas suas lembranças (das dificuldades de sua vida e da sua bela Adrian) Balboa conseguiu igualar as ações “na raça” e arrancar um empate épico ao fim do longa (desculpem pelos spoilers).

E onde entra o futebol nisso tudo? Assim como nas lutas, a alegoria do canto dos ringue é presente. Talvez o ludopédio seja um dos únicos esportes coletivos que permitam que o mais fraco vença, ou melhor que o time acuado em um tempo ou em uma parte do campeonato dê a volta por cima no segundo tempo, ou no segundo turno quem sabe. Tem também aqueles times que se deixam agredir, jogam defensivamente esperando o momento certo para a estocada final, para o soco que levou Ali às lonas. Me vêm a mente alguns exemplos clássicos. Quem não se lembra da vitória do Liverpool sobre o Milan na final da Champions de 2005. Os rossoneros viraram o primeiro tempo vencendo por 3x0 com uma atuação primorosa do quadrado Shevchenko, Kaka, Crespo e Seedorf. Ao intervalo a torcida dos Red’s mesmo com o jogo perdido cantava o tradicional You Will Never Walk Alone. Do jeito que as coisas aconteciam o mais lógico seria a consolidação da goleada, há época o Milan era o melhor time do mundo e o Liverpool havia chegado àquela final aos trancos e barrancos com vitórias mais no grito da torcida do que qualquer outra coisa. Mas de onde nada se esperava, eis que acontece o milagre. Um empate na segunda metade do jogo, que levou a peleja à disputa por penaltys, onde o goleiro Dudek se transformou no herói da noite ao defender duas cobranças.

Em terras tupiniquins o técnico Cuca vem se tornando PHD em voltas por cima, seu Fluminense em 2009, virtualmente rebaixado pós uma campanha pífia no primeiro turno arrancou incrivelmente na segunda metade do campeonato, com uma campanha de título no segundo turno que culminou com a incrível vitória sobre o Coritiba em um jogo de tensão e muito quebra, quebra no Couto Pereira. Dali do canto do ringue surgiu o apelido: “time de guerreiros” que embalaria o Flu, no ano seguinte para a conquista do Título Nacional.

O mesmo Cuca, em 2010 assumiu um Cruzeiro atordoado pela eliminação na Libertadores na parte intermediária da tabela, num campeonato onde a perspectiva não era das melhores para guiar o time azul (jamais usarei o adjetivo celeste me desculpem) à um vice campeonato. Nesse ano Cuca foi protagonista novamente com uma arrancada, só que dessa no outro lado da lagoa. Muitos comentaristas , inclusive o blogueiro que vos fala já dava como certo o rebaixamento do Galo. O Próprio Cuca teve  um início claudicante com 7 derrotas consecutivas, isso mesmo 7 derrotas! E mesmo assim o improvável aconteceu, o alvinegro a beira de um Knock Out conseguiu sair do canto do Ringue do Brasileirão, principalmente por conta do desempenho como mandante no segundo turno (6 vitórias e 2 empates) e da incrível vitória diante do atual campeão Brasileiro o Fluminense, no Engenhão. O Galo que já havia vivido situação parecida no ano passado conseguiu se safar novamente.

Agora quem está no canto do ringue pronto pra ser massacrado é o Cruzeiro, fato curioso para um clube que nos últimos anos se gabava por sempre fazer campanhas na parte de cima da tabela, mas nesse campeonato está na rabeira lutando contra o Ceará e o Atlético Paranaense na zona do rebaixamento.  Um time sem ataque e sem defesa, dependente da genialidade de um camisa 10 desgastado fisicamente e mentalmente. Será que o time estrelado sai dessa? Ou é nocauteado?

Para fechar esse texto retomo ao começo, nunca se deixe levar ao canto do ringue. As viradas são prováveis, mas não acontecem sempre. Na verdade, na maioria dos casos essa fragilidade é refletida em derrota. Retomando novamente Ali só perdeu 3 vezes em sua carreira, nas outras lutas o mesmo foi dominante e ratificou seu domínio.  Apesar de grandes viradas serem bonitas de se ver, realmente gerarem grandes histórias para serem contadas,  são reflexo de fragilidade física, emocional, tática e até de planejamento. Apesar de atenuarem, elas não encobrem o fato dos times em questão terem sido em certo momento dominados ao ponto de quase irem a lona.


* Nota que um dos motivadores desse texto foi o jornalista e blogueiro Lúcio de Castro da ESPN, que também ja discutiu algumas vezes brilhantemente a metáfora do canto do ringue.