sexta-feira, 4 de março de 2011

Més que un Club

* Texto escrito pelo grande amigo Gabriel Lopes (Betim), mais novo colaborador desse Blog e presença garantida em novas análises ludopédicas (como diria Chico Sá); com edição e editoração de imagens do Blogueiro.



Atentando ao recente post do amigo Matheus acerca do melhor time do mundo na atualidade, resolvi, ao meu bel prazer, tentar dissecar o esquema tático usado por Pepe Guardiola, herdado de Rinus Mitchell e aprimorado por Johann Cruyff.
O exercício é simples: montar o esquema básico estudar as posições e funções desempenhadas por cada jogador ao longo da peleja e as possíveis (na verdade, inúmeras) variações que se desenvolvem até o apito final. Portanto, de Victor Valdes a Messi, eis um breve estudo sobre o Barcelona que tanto encanta os entusiasmados amantes do futebol arte.
Victor Valdes, mais que um goleiro. É um goleiro contestadíssimo, diriam os mais engraçadinhos. No entanto, falhas e bolas defensáveis à parte, ele desempenha um papel importante no esquema ultra-ofensivo do Barça: é o goleiro-líbero. Quando a coisa aperta, bola pro Valdes que ele sabe jogar com os pés, é rápido para sair do gol e tem a tranquilidade e confiança suficientes para tocar a bola de lado, longe do alcance do esfomeado atacante que vem colocar pressão.
Daniel Alves, mais que um lateral. Correr, tocar, cruzar, chutar, driblar, tabelar e, se sobrar algum fôlego, marcar. Eis o papel cumprido pelo lateral- direito de Pepe Guardiola que, na verdade, atua mais como um ala. É através dele que o Barça tem suas melhores jogadas de linha-de-fundo, além de fazer a transição rápida e impensada (sim! um time precisa disso também) entre a zaga e a meia cancha.
Piqué e Puyol, mais que uma muralha. Os zagueiros do melhor time do mundo não poderiam ser zagueiros comuns. E não são. Além de cumprir a função de qualquer outra dupla de zaga quando o time é atacado, esses dois tem particularidades interessantes. Quando precisam sair jogando, tendem a abrir e jogar colados à linha, como laterais, enquanto os laterais avançam à linha de meio-campo. Esse simples fato faz com que o goleiro, ou seja lá quem esteja com a bola, tenha ao menos três opções de passe, seja um dos zagueiros abertos, seja os laterais avançados ou os volantes que voltam para buscar o jogo.
Abidal, Mais que um zagueiro pela esquerda.
Exatamente esse é o papel de Abidal. Nem só de ofensividade vive um time ofensivo. ele é o caroço da azeitona, por assim dizer. Cumpre, e muito bem, o papel de marcar, roubar a bola e tocar de lado para alguém mais qualificado. Além disso, oferece segurança na bola alta e rapidez na cobertura da zaga. Abidal é importante para o brilho dos demais.
Busquets, Mais que um faz tudo. Busquets marca bem, tem bom passe, carrega a bola de maneira aceitável, não é lento e é alto e forte. No frigir dos ovos, ele é um volante precioso no esquema do Barça, especialmente devido a sua consistência e inteligência tática. Pode funcionar como um cabeça de área à frente da zaga, ao mesmo tempo que auxilia na armação das jogadas para o ataque e libera Xavi, Iniesta e  Daniel Alves para ir à frente.
Xavi, mais que o centro da constelação. Dizer que o Barcelona é o Xavi talvez seja um exagero, mas não um absurdo. O camisa 6 é o arquiteto de todas as jogadas bem trabalhadas do time. Além de marcar com eficiência, é dotado de um passe curto inigualável, uma rapidez de raciocínio poucas vezes vista no futebol e um drible simples e eficiente. Resultado: Xavi não perde a bola, que fica sob seu domínio só um pouquinho, durante várias vezes ao longo do jogo. Xavi é a chave do time. É para ele que todos olham quando estão em apuros.

Iniesta: Mais que um meia habilidoso. Mobilidade, imprevisibilidade e versatilidade. Essas três características aliadas à sua habilidade fazem de Iniesta um dos três melhores jogadores do mundo segundo a Fifa. Ele pode atuar como segundo volante, como no início da carreira, como meia ou como extremo pela esquerda ou pela direita no esquema do Barça. Iniesta se movimenta por todo o campo. E tem a capacidade nata de conduzir a bola de maneira inteligente e eficaz que o faz semear pânico nos adversários. Iniesta é atordoante.
Messi, Mais que espetáculo. Ele é o melhor jogador do mundo. E parece não estar nem perto de perder esse título nos próximos anos. Messi é simplesmente fora de série, seja jogando aberto pela direita como antes, ou como um ponta-de-lança, como agora. Sua capacidade de inventar mágicas em duas polegadas quadradas deu a ele o álibi necessário para atuar onde ele se sentir melhor. E cada vez mais esse lugar é perto do gol e na premiação de melhor do mundo da Fifa.

Pedro, mais que correria. Pedro é incansável. Geralmente atua aberto pela direita, entrando em diagonal para a área à medida que Daniel Alves avança pela ala. No entanto, Pedro pode estar correndo pela centro no lance seguinte, invertendo com Messi. Ou pode estar no meio dando opção para Xavi. Sempre o veremos ajudando Daniel Alves na marcação e Villa na conclusão das jogadas. Na verdade ele pode estar na Jamaica ajudando Usain Bolt a treinar. É isso que ele faz: corre por todos os lugares ao mesmo tempo.
Villa, mais que faro de gol. Se David Villa já fazia muitos gols pelo Zaragoza atuando sozinho, talvez fizesse mais pelo Valencia com alguns bons jogadores ao seu lado. E fez. Mas talvez ele faça mais ainda pelo Barcelona, melhor time do mundo. E faz. Villa é rápido.
Mais que isso, ele finaliza muito bem, se posiciona muito bem e dribla muito bem, passa muito bem. Villa faz mais que "apenas" gols às pencas, ele faz parte do espetáculo. Coisa que o torcedor azul-grená gosta e que Ibrahimovic não conseguiu fazer.
Pepe Guardiola, mais que um técnico, um autêntico comandante. Guardiola formado e criado nas canteiras do Barcelona, mais do ninguém conhece a vocação azul-grená, o Ataque, foi jogador de Cruyff, conhece e transfere aos seus jogadores os ensinamentos do mestre. E o mais importante, não deixa seus jogadores se deslumbrarem facilmente com as glórias ao longo desses anos.

Barcelona, mais que o melhor time do mundo. O Barcelona se caracteriza por algo extremamente peculiar: não modifica seu estilo de jogo. É como se não importasse com quem está do outro lado da linha divisória antes do apito inicial. no entanto, eles aprenderam que a melhor maneira de respeitar o adversário é manter a seriedade durante os 90 minutos, mesmo que isso gere goleadas estrondosas, como o 5 a 1 sobre o Real Madrid nesta temporada. Sua defesa rápida, eficiente e boa de bola, seu meio campo inteligente e extremamente técnico e seu ataque carrossel são apenas características setoriais. O que faz do Barcelona o Barcelona é sua alma de futebol ofensivo, eficiente e plástico. É a alma de Johann Cruyff.
ass. Gabriel Lopes



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