sábado, 5 de março de 2011

Procura-se um Ídolo – O caso Diego Tardelli.



É natural da humanidade, buscar entidades a venerar. Desde a antiguidade fabricamos ídolos em série (Monstros, Heróis, Demônios, Deuses, entre outros): Grécia , Egito, índia, Roma, China , em todos os cantos do mundo.  Dessas entidades criadas e glorificadas pela humanidade destaca-se uma categoria em especial, o herói.  Aquele que em tempos de crise é chamado como salvação da pátria, a última esperança,  o guerreiro provido de carisma, coragem e bravura necessárias para enfrentar os perigos e eventualmente salvar a donzela (bem cliché, eu sei) . Séculos se passaram, devido a n fatores (assunto para várias reflexões), tal figura foi desaparecendo do imaginário popular, e atualmente, ficando restrita ao cinema, a literatura e ao esporte.
Com relação aos último, aquele em que essa relação de idolatria é elevada a décima potência sem sombra de dúvidas é o futebol, talvez pelo fato das torcidas identificarem suas agremiações como nações, logo, as mesmas necessitam de símbolos nacionais, ou simplesmente heróis/ídolos.
Na última sexta feira (04/03/2011), um fato e sua repercussão  para um grupo de torcedores, principalmente nas redes sociais (orkut, facebook e twitter principalmente) me chamou a atenção. Refiro-me a possível e iminente saída do atacante Diego Tardelli do Atlético para o futebol russo. 
O camisa 9 chegou a Belo Horizonte, em 2009,  pelas mãos do técnico Emerson Leão, em uma negociação um tanto quanto conturbada envolvendo o São Paulo e o Flamengo. Depois de um campeonato mineiro razoável, o jogador se consolidou no ataque alvinegro pelas mãos do técnico Celso Roth no Brasileiro do mesmo ano, se sagrando artilheiro da competição e principalmente, sendo um dos pilares na sólida campanha realizada pelo Atlético naquele ano (Fato um tanto quanto raro, na segunda metade da década).
Por conta de belos gols que consequentemente resultaram em vitórias, conquistadas  principalmente contra grandes rivais do Galo, acompanhados de sua comemoração característica (o atacante a cada gol marcado simulava os tiros de uma metralhadora, por conta do apelido dado ao mesmo pelo narrador Mário Henrique da Rádio Itatiaia),  Dom Diego caiu nas graças da torcida, e como um relâmpago foi içado ao mesmo patamar de Marques, Reinaldo e Dadá Maravilha, grandes artilheiros  que marcaram época na história do clube, verdadeiros ídolos da massa alvinegra.
Por incrível que pareça, apesar da empatia da torcida, nesse ano de 2011 o jogador começava a ser questionado, o mesmo não mostrava ao grande público o futebol que o consagrara há dois anos. Até que a mágica, mais conhecida como Clássico, aconteceu.  Nesse jogo especial, contra o maior rival – Cruzeiro – o atacante marcou 3 gols e decidiu o jogo em terreno inimigo, só com torcedores azuis. Tal atuação devolveu a confiança ao atacante, e principalmente  o jogador conseguiu trazer a torcida de volta ao seu lado.
O ídolo que estava se transformando em imprestável torna-se ídolo novamente após destruir o maior rival. Era Perseu voltando glorioso à Argos após decapitar a Medusa.
Retomando, duas semanas após o clássico, quando a negociação foi divulgada, um tsunami devastou a Massa (algo como meu “Meu Mundo Caiu”, canção imortalizada por Maísa), o presidente Alexandre Kalil se tornou responsável por tal perda, e de melhor presidente do Brasil, Rei, etc.. foi rebaixado ao patamar dos mais desprezíveis nessas redes sociais, no Orkut com mais destaque, foi linchado pela maioria dos atleticanos que frequentam a plataforma (principalmente nas comunidades mais movimentadas) , simplesmente fato do mesmo ter permitido a negociação da referência do time. Um cenário de tranquilidade, construído pelas belas apresentações do time de Dorival Júnior se transformou em turbulência pura, do Céu ao Inferno em menos de 24 horas.
Por mais passional que seja o torcedor, o mesmo tem que entender (ao menos tentar) que a vida é feita de ciclos, e o de Diego Tardelli no Atlético acaba de se encerrar.  O Galo sobreviveu à aposentadoria de Dadá Maravilha e de Reinaldo; sobreviveu a despedida de Marques. Com certeza sobreviverá a saída de Diego Tardelli.
Um ídolo se foi, mas, o clube PERMANECE.
Ass. Matheus Valle

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